"Partilho as preocupações de Ayman Safadi [vice-primeiro-ministro da Jordânia] sobre as violações repetidas do 'status quo' dos locais religiosos, que estão sob contínua ameaça, incluindo por parte do ministro Ben-Gvir [que tem a pasta da Segurança Nacional de Israel desde 2022]", disse o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell.
Na rede social X (antigo Twitter), Josep Borrell acrescentou que as críticas apontadas pelo Governo da Jordânia a Israel "são legítimas e têm de ser abordadas pela comunidade internacional".
"A estabilidade regional [no Médio Oriente] está em risco", completou.
Nos últimos meses intensificaram-se as ações de degradação de locais religiosos islâmicos na Cisjordânia, território palestiniano que está há décadas a ser alvo de ocupações e expropriações por parte de Israel.
Nas redes sociais circulam imagens de civis, militares e elementos das forças de segurança a profanar locais religiosos, por exemplo, vandalizando mesquitas e destruindo edições do Corão.
Na Faixa de Gaza, território palestiniano controlado pelo Hamas desde 2007 que está desde outubro do ano passado a ser fustigado com bombardeamentos e incursões militares israelitas, várias mesquitas e locais de culto islâmicos foram destruídos.
Ben-Gvir é um político de extrema-direita, apologista do sionismo, que também é preconizado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
Em diversas ocasiões, o ministro da Segurança Nacional de Israel fez declarações a incitar a população à vandalização de locais religiosos islâmicos e até avançar com atos que colocassem em perigo a integridade física de palestinianos.
A guerra em curso na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento radical palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Seguiu-se uma incursão israelita no enclave palestiniano com a justificação de resgatar os reféns e derrotar o Hamas, ofensiva que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
Quase um ano depois, Israel enfrenta acusações de genocídio e críticas, nomeadamente sobre a desproporcionalidade das intervenções militares em Gaza.
Nas últimas semanas, os Estados Unidos da América, um reconhecido aliado de Israel e um dos mediadores internacionais das conversações para uma potencial trégua, chegaram a anunciaram uma aproximação dos dois lados para um cessar-fogo, mas o Hamas e Telavive continuam a recuar, trocando acusações sobre exigências e obstáculos impostos durante o processo negocial.
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