O relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), divulgado hoje pela agência Associated Press (AP), refere que, em 17 de agosto, o Irão tinha 164,7 quilos de urânio enriquecido até 60%, o que representa um aumento de 22,6 quilos desde o último relatório da AIEA, em maio.
O urânio enriquecido com até 60% de pureza está apenas a um pequeno passo técnico dos níveis de 90% para produzir armas nucleares e este material indicado no relatório é o suficiente para produzir mais de três bombas, segundo a definição do organismo da ONU.
As reservas de urânio enriquecido a 20% também aumentaram significativamente, subindo para 813,9 quilos, em comparação com 751,3 quilos três meses antes.
A AIEA apontou, no relatório, que Teerão também não reconsiderou a sua decisão de setembro de 2023 de proibir os inspetores nucleares mais experientes de monitorizar o seu programa nuclear e que as câmaras de vigilância da AIEA continuam desligadas.
O organismo destacou ainda que o Irão ainda não forneceu respostas à investigação de anos sobre a origem e localização atual de partículas de urânio artificial encontradas em dois locais que Teerão não declarou como potenciais instalações nucleares. Os locais são conhecidos como Varamin e Turquzabad.
O relatório da AIEA surge poucos dias depois de o líder supremo do Irão ter aberto a porta a novas negociações com os Estados Unidos sobre o rápido avanço do programa nuclear do seu país, dizendo ao seu governo civil que "não havia mal" em envolver-se com o "inimigo".
As declarações de terça-feira do ayatollah Ali Khamenei estabeleceram limites claros para quaisquer negociações que ocorressem sob o novo governo do Presidente Masoud Pezeshkian e reiteraram a desconfiança em relação a Washington.
A AIEA sublinha ainda no relatório que antes das eleições de junho no Irão, o organismo foi informado "que um maior envolvimento com a agência seria determinado pelo novo governo do Irão".
O órgão da ONU felicitou Pezeshkian pela sua eleição e ofereceu-se para enviar o chefe da agência a Teerão "para relançar o diálogo e a cooperação entre a agência e o Irão", pode ler-se ainda.
Mas embora o recém-eleito Presidente iraniano tenha confirmado "o seu acordo em reunir-se" com o chefe da AIEA, nenhuma discussão sobre o assunto ocorreu desde então, acrescenta.
Ao abrigo do acordo nuclear original de 2015 com as potências mundiais, o Irão foi autorizado a enriquecer urânio até 3,67% apenas com um número limitado das suas centrifugadoras de primeira geração em Natanz.
O modelo mais avançado de centrifugadoras enriquece urânio a um ritmo muito mais rápido do que as centrifugadoras IR-1 básicas.
Desde o colapso do acordo assinado em 2015, o Irão abandonou todos os limites que o pacto impôs ao seu programa nuclear.
As autoridades iranianas também ameaçaram avançar com a produção de armas atómicas.
[Notícia atualizada às 18h10]
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