O jornalista René Capain Bassène, considerado o autor do massacre - o que ele nega - permanecerá na prisão depois da sua sentença ter sido confirmada hoje pelo Tribunal de Recurso de Ziguinchor, Casamansa, disse à agência de notícias AFP o seu advogado Ciré Clédor Ly.
A 6 de janeiro de 2018, catorze homens, incluindo três cidadãos da Guiné-Bissau, que tinham ido cortar madeira na floresta protegida de Bayotte, perto da cidade de Ziguinchor, foram cercados e depois mortos a sangue frio por indivíduos armados.
Os homens foram atacados pelos rebeldes independentistas que lutam pela separação daquela província do resto do Senegal e os três guineenses foram mortos, juntamente com os madeireiros, nas matas de Boffa, da aldeia de Boutoupa Camarakunda, zona próxima da fronteira entre a Guiné-Bissau e o Senegal.
Em 13 de junho de 2022, os arguidos foram julgados e condenados por 14 crimes, incluindo conspiração criminosa, participação em movimento insurrecional e cumplicidade em homicídio.
Na altura dos acontecimentos, René Capain Bassène trabalhava no departamento de comunicação de uma agência para a reconstrução da Casamansa.
Omar Ampoï Bodian, membro do Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC, rebelião pró-independência), condenado a prisão perpétua em primeira instância, em junho de 2022, foi hoje "absolvido com o benefício da dúvida em todas as acusações" e será libertado da prisão, acrescentou Ly.
Os dois homens, que estão na prisão desde janeiro de 2018, foram acusados de homicídio e de insurreição armada.
Na audiência de recurso de 24 de julho, a acusação tinha pedido a confirmação das sentenças proferidas pelo tribunal de Ziguinchor.
César Atoute Badiate, líder de uma fação militar do Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC, grupo de rebeldes pró independência), julgado à revelia e ainda em liberdade, foi igualmente condenado a prisão perpétua em junho de 2022 por homicídio e insurreição armada, num julgamento onde 16 pessoas foram condenadas por assalto à mão armada, homicídio, tomada de reféns, rapto, insurreição armada e conspiração criminosa relacionada com o massacre.
Casamansa, separada do norte do Senegal pela Gâmbia, foi palco de um dos conflitos mais longos do continente desde que os independentistas passaram à clandestinidade em dezembro de 1982.
Depois de ter feito milhares de vítimas e de ter devastado a economia, o conflito diminuiu consideravelmente de intensidade, mas continua.
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