Horas depois de Netanyahu ter reiterado a sua vontade de manter o plano aprovado na semana passada pelo seu governo, o ministro egípcio dos Negócios Estrangeiros, Badr Abdelati, sublinhou que o Cairo "rejeita inequivocamente" que os israelitas mantenham o controlo do corredor, caracterizando essa possibilidade como "inaceitável",
Abdelati indicou ainda que o Egito "insiste em operar o outro lado da passagem sob supervisão palestiniana" e apelou a "um regresso à situação anterior a 07 de outubro" dia em que o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel, o que desencadeou a ofensiva militar israelita contra Gaza.
Para Abdelati, "houve um fracasso por parte da comunidade internacional em lidar com a agressão contra Gaza" e criticou, num encontro com líderes de meios de comunicação social egípcios, o facto de alguns Estados "agirem hipocritamente e com dois pesos e duas medidas", segundo o diário egípcio 'Al Ahram'.
Netanyahu reiterou segunda-feira a exigência de manter uma presença militar israelita no corredor de Filadélfia, que separa a Faixa de Gaza do Egito, um dos principais obstáculos a um acordo com os islamitas palestinianos do Hamas que inclua um cessar-fogo e a libertação dos reféns raptados em outubro e detidos na Faixa de Gaza.
O corredor "é a conduta de oxigénio e de armas para o Hamas", afirmou o chefe do governo, indicando que quando os israelitas saíram de Gaza e do Corredor de Filadélfia "não havia qualquer barreira à entrada maciça de armas e de maquinaria para a produção de armas e para a escavação de túneis, tudo com o patrocínio do Irão".
"O eixo do mal precisa do Corredor de Filadélfia", argumentou.
O Corredor de Filadélfia é o nome dado à faixa de terra de 14 quilómetros de comprimento ao longo da fronteira, cujo lado palestiniano ficou sob o controlo da Autoridade Palestiniana na sequência do "Plano de Retirada" de 2005, enquanto o lado egípcio ficou na responsabilidade do Cairo.
Porém, o Hamas passou a dominar a zona depois de ter assumido o controlo do enclave na sequência de combates entre palestinianos após disputas decorrentes das eleições do ano anterior.
O Egito, que tem um acordo de paz com Israel desde 1979, avisou Israel do risco de operações na zona.
O exército israelita lançou uma ofensiva contra Gaza depois dos ataques de0 7 de outubro, que causaram a morte de cerca de 1.200 pessoas e quase 250 reféns.
A ofensiva já provocou mais de 40 mil mortos palestinianos, segundo as autoridades de Gaza, controlada pelo Hamas, para além de mais de 660 mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças israelitas ou pelos colonos.
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