A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, alertou que "alguns membros do governo israelita exigem ação do tipo Gaza na Cisjordânia", o que "ameaçaria seriamente a segurança de Israel".
Em declarações aos jornalistas, após uma reunião com o seu homólogo israelita, Israel Katz, Baerbock criticou comentários feitos pela ala mais à direita do Governo de Telavive, que apelam à construção de novos colonatos no território.
"Alguns no governo israelita alegam que o reforço da Autoridade Palestiniana significa premiar o terrorismo", continuou a ministra alemã, refutando esta visão.
A União Europeia e a Alemanha procuram, por outro lado, fortalecer a Autoridade Palestiniana, por estarem "profundamente convencidos que só com passos credíveis rumo a um estado palestiniano" é que "a segurança de Israel pode ser garantida e o terrorismo pode ser combatido".
Annalena Baerbock desloca-se à região quando o Ocidente, sob liderança de Washington, tem intensificado a pressão sobre o governo israelita de Benjamin Netanyahu para finalizar um cessar-fogo em Gaza.
"Os terroristas do Hamas não se detêm perante nada, por mais horrível que seja", afirmou a chefe da diplomacia alemã antes de partir, acrescentando que "é por isso que, por mais difícil que seja, todos os esforços devem continuar a ser direcionados para um cessar-fogo humanitário que conduza à libertação dos reféns".
"Não há solução militar nem para Gaza, nem para a situação na Cisjordânia", defendeu a alemã, reiterando que a longo prazo a solução de dois Estados continua a ser "a única opção para uma paz duradoura".
A viagem vai começar em Riade, na Arábia Saudita, seguindo-se a Jordânia e Israel.
A ministra quer ainda voltar a falar com os familiares dos reféns raptados pelo Hamas e terá encontros com representantes palestinianos em Ramallah, na Cisjordânia ocupada por Israel, bem como com o chefe do governo local, Mohammed Mustafa, para discutir "a questão de como evitar uma escalada de violência na Cisjordânia".
O exército israelita lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza após os ataques de 7 de outubro perpetrados pelos islamitas palestinianos do Hamas, que provocou cerca de 1.200 mortos e quase 250 reféns.
Até ao momento, a ofensiva em Gaza provocou mais de 40.800 mortos, segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas, além de 680 mortes na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
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