Quase todos os locais ou estradas por onde o Papa Francisco vai passar durante a sua estada em Díli foram limpos e organizados e em alguns casos com violência contra vendedores ambulantes, que ocupam passeios, ação que recebeu condenações desde a sociedade civil, passando pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão, até à Presidência do país.
As autoridades timorenses desdobram-se em apelos para que a população receba Francisco em "paz e união" e reafirme o "caráter acolhedor e fraterno da nação timorense".
"Estamos a pouco dias da chegada do Papa Francisco e sobre a preparação posso dizer que 99% está preparado para o acolher no país", disse o arcebispo de Díli, Virgílio do Carmo da Silva, o único cardeal de Timor-Leste.
O arcebispo de Díli recordou também que o Papa vem para estar com os timorenses, apelando aos fiéis que se registem para participar na missa em Tasi Tolu.
O início do registo dos fiéis, em agosto, provocou indignação na população, obrigando as autoridades a explicarem que aquele procedimento estava relacionado com questões logísticas e não para limitar a presença de fiéis.
Os registos voltaram a ser reabertos na última semana em Díli, mas muitos timorenses, perante as longas filas, admitem já ver a visita do Papa em casa através da televisão pública, que fará a transmissão em direto.
Na quinta-feira, um despacho do Governo, que considera a impossibilidade de toda a população participar nas celebrações, convocou todos os funcionários públicos para saírem à rua e acompanharem a passagem do Papa Francisco.
"A participação e a colaboração dos funcionários do Estado é um dever funcional e um dever patriótico", refere-se no despacho.
A comissão organizadora aponta para a presença de cerca de 180.000 fiéis em Tasi Tolu, na terça-feira. Os peregrinos dos municípios, que já estão a chegar à cidade, estão instalados em campos de acolhimento montados nas entradas da capital.
As questões logísticas da visita do Papa incluem também fortes medidas de segurança, que será garantida por uma força conjunta da polícia nacional e das forças de defesa.
O comando da polícia pediu o respeito pela lei e apelou aos que eventualmente estejam a planear alguma "ação disruptiva" para não prejudicarem a visita do Papa a Timor-Leste, pedindo às pessoas que denunciem suspeitos ou planos com intenções de perturbar.
Aos polícias e militares foi pedido para atuarem com responsabilidade e disciplina, com respeito pela lei, e sem "arrogância".
O plano de segurança inclui também o corte ao trânsito rodoviário em algumas das principais vias da cidade já a partir de hoje, bem como o acesso a algumas unidades hoteleiras do país. A utilização de drones também está proibida.
Quase 1.000 profissionais de saúde foram destacados para a acompanhar a visita do Papa Francisco e 20 postos de saúde montados em Tasi Tolu. O Governo também entregou sexta-feira ambulâncias à comissão organizadora para assistência no local.
Segundo o secretário de Estado da Comunicação Social, Expedito Dias Ximenes, 485 jornalistas, nacionais e estrangeiros, vão acompanhar a visita de Francisco.
O Papa Francisco chega ao início da tarde de segunda-feira a Díli, iniciando a visita ao país com uma cerimónia de boas-vindas no Palácio Presidencial e um encontro com autoridades, corpo diplomático e sociedade civil, onde fará o seu primeiro discurso em território timorense.
Na terça-feira, Francisco visita as crianças com necessidades especiais na escola "Irmãs Alma", seguindo depois para um encontro com os bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas e catequistas, na Catedral, onde fará um segundo discurso.
Ainda na terça-feira, realizará a missa em Tasi Tolu para milhares de fiéis timorense.
Na quarta-feira, último dia da visita, o Papa vai reunir-se com a juventude no Centro de Convenções de Díli, onde está previsto um último discurso, partindo depois para o aeroporto rumo a Singapura, onde termina a viagem à região, no dia 13.
Francisco iniciou o périplo na Indonésia, onde chegou terça-feira, tendo partido sexta-feira para a Papua Nova Guiné, onde permanece até segunda-feira.
O Governo timorense disponibilizou 10,9 milhões de euros para organizar as atividades de preparação da visita do Papa Francisco.
Esta é a segunda vez que um Papa visita Timor-Leste, a primeira ocorreu em 1989 quando João Paulo II visitou o território, ainda sob ocupação indonésia.
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