Trata-se de uma subida de nove pontos percentuais em relação a 2019 (39%), quando se registou a o valor mais baixo na história de umas eleições presidenciais na Argélia.
A ANIE também referiu um aumento significativo no voto estrangeiro: 19,57% contra 8% em 2019.
Três candidatos concorrem à liderança do país de 45 milhões de habitantes, o maior de África e o principal exportador de gás natural do continente.
Abdelmadjid Tebboune, de 78 anos, é o claro favorito, porque conta com o apoio de quatro grandes partidos unidos numa aliança, entre os quais o antigo partido único, Frente de Libertação Nacional (FLN), e o movimento islamita El-Bina, que se classificou em segundo lugar nas presidenciais de 2019.
O segundo candidato, Abdelaali Hassani, um engenheiro de obras públicas de 57 anos, é o presidente do principal partido islamita, o Movimento da Sociedade para a Paz (MSP), que se recusou a participar no escrutínio de 2019.
O terceiro, Youssef Aouchiche, ex-jornalista e deputado de 41 anos, é desde 2020 líder da Frente das Forças Socialistas (FFS), um partido histórico da oposição, com raízes na Cabília (centro-leste da Argélia), que boicotou as eleições desde 1999.
Estas eleições foram um teste ao regime argelino, após o massivo movimento de protesto Hirak, em 2019, que forçou o afastamento de Abdelaziz Bouteflika, após duas décadas no poder, e exigiu uma mudança profunda no sistema político-militar pós-colonial que domina o país desde a independência de França em 1962.
"[Foi] um Hirak silencioso que disse tudo", escreveu nas redes sociais o advogado de defesa dos ativistas detidos durante o movimento, Abdelghani Badi, enquanto os dados apontavam durante a tarde de sábado para uma abstenção recorde.
O dia das eleições decorreu calmamente, num dia particularmente quente no país, com as assembleias de voto vazias, exceto nas províncias do sul, que registaram forte afluência, e na província de Tindouf (oeste), com uma grande população militar que é obrigada a votar.
Na Cabília (centro-leste), a região berbere natal do candidato socialista, que boicotou massivamente as eleições de 2019 com uma participação de 0,18%, registou-se algum movimento, de acordo com a agência de notícias EFE.
Tebboune, que venceu as eleições de 2019, trouxe uma certa estabilidade social e económica ao país, mas a sociedade civil argelina acusa-o de um retrocesso no capítulo das liberdades.
A Amnistia Internacional lamentou esta semana que "nos últimos anos, a Argélia tenha assistido a uma erosão contínua dos direitos humanos", sendo "alarmante constatar que a situação se mantém sombria à medida que as eleições se aproximam".
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