Investigadores da ONU denunciam aumento de crimes de guerra em Myanmar

Bombardeamentos, violações em grupo e tortura são alguns dos crimes de guerra que a Junta Militar de Myanmar está a cometer de forma "cada vez mais frequente e violenta", denunciaram hoje investigadores independentes da ONU.

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Lusa
09/09/2024 16:29 ‧ 09/09/2024 por Lusa

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Myanmar

Num documento divulgado pelo Mecanismo de Investigação Independente para Myanmar (MIIM), foram reunidas informações de mais de 900 fontes, incluindo depoimentos de 400 vítimas e testemunhas destes ataques, que, segundo os especialistas, constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

 

"Temos provas substanciais de que foram cometidos vários crimes contra a humanidade relacionados com a repressão da dissidência posterior ao golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2021", declarou o diretor do MIIM, Nicholas Koumjian, ao apresentar o relatório no Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

Entre os bombardeamentos apontados no relatório, figura o de um mercado noturno no estado de Shan, no norte do país, perpetrado na semana passada, que matou uma dúzia de pessoas, incluindo uma mulher grávida e duas crianças.

Segundo o relatório, a Junta Militar justificou esses ataques aéreos, bem como os realizados contra escolas, mosteiros, campos de refugiados, edifícios religiosos e estabelecimentos de saúde, com o argumento de que se tratava de "alvos militares", refutado pelo grupo de investigadores da ONU.

O MIIM tem por missão analisar possíveis violações dos direitos humanos no país asiático desde 2011, embora o seu relatório se centre especialmente nas cometidas após o golpe de Estado e nos ataques à minoria muçulmana rohingya, iniciados em 2016 e 2017.

O relatório destaca o aumento da violência contra os rohingyas, que habitam principalmente no Estado de Rakhin, no oeste do país, e que, segundo os investigadores, foram vítima de numerosos ataques aéreos, assassínios, torturas, violações e incêndios de aldeias.

O MIIM espera que as suas conclusões possam contribuir para os processos sobre as violações dos direitos humanos do povo rohingya já em curso no Tribunal Penal Internacional (TPI) e no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ, a mais alta instância judicial da ONU).

Para o mesmo fim, o representante da Organização de Cooperação Islâmica (OCI) e embaixador do Paquistão na ONU, Bilal Ahmad, pediu ao Governo de Myanmar que coopere com esses processos em andamento para prestar contas "rápidas e justas" às suas vítimas.

Leia Também: Onze mortos em ataque aéreo no nordeste de Myanmar

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