Trump repete alegações de que imigrantes comem animais de estimação

O candidato presidencial republicano, Donald Trump, repetiu no debate de terça-feira as alegações feitas em círculos republicanos de que imigrantes ilegais estão a "comer animais de estimação" de cidadãos norte-americanos.

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© Getty Images/Rebecca NOBLE / AFP

Lusa
11/09/2024 04:34 ‧ 11/09/2024 por Lusa

Mundo

EUA

 

 

"Em Springfield, eles estão a comer cães. As pessoas que chegam estão a comer os gatos. Eles estão a comer os animais de estimação das pessoas que vivem lá", acusou o ex-chefe de Estado, antes de ser recordado pelo moderador do debate de que essas alegações foram oficialmente desmentidas.

Uma porta-voz da cidade de Springfield, no Ohio, disse esta semana que, apesar das publicações que se tornaram virais nas redes sociais e que foram promovidas por Trump e pelos seus apoiantes, "não há relatos confiáveis ou alegações específicas de animais de estimação a ser prejudicados, feridos ou abusados por indivíduos dentro da comunidade imigrante".

Uma autoridade do Condado de Clark, no Ohio, citada pela imprensa norte-americana, garantiu que "não há absolutamente nenhuma prova de que isso esteja a acontecer".

Ao ouvir as alegações de Trump, a candidata democrata, a vice-presidente Kamala Harris, riu e classificou Trump de "extremo".

O magnata republicano voltou a alegar que a administração de Joe Biden e Kamala Harris permitiu que "milhões de criminosos" entrassem no país e que isso levou a que as taxas de criminalidade "em todo o mundo" caíssem.

"Eles destruíram o tecido do nosso país", acusou.

O político republicano afirmou ainda que os Estados Unidos se tornarão uma "Venezuela em esteróides" se a sua rival democrata, a vice-presidente Kamala Harris, se tornar Presidente.

Trump aproveitou ainda para, mais uma vez, afirmar sem provas que muitos dos migrantes que cruzam a fronteira sul vêm de países que estão a esvaziar os seus asilos e instituições mentais.

Além da imigração - muito usada pelos republicanos para atacar o Governo de Joe Biden - outro dos temas que marcou este debate foi o aborto, com o magnata republicano a repetir falsamente que os democratas querem permitir abortos "tardios" no nono mês de gravidez --- uma situação que apenas seria efetuada em caso de emergência médica extrema.

O candidato republicano afirmou ainda falsamente que os democratas apoiam o aborto "após o nascimento" e a "execução" de bebés, uma linha de ataque que Trump tem usado repetidamente para retratar os democratas como radicais em questões de direitos reprodutivos. 

Face às declarações do ex-presidente, a moderadora da ABC News Linsey Davis fez uma verificação de factos em tempo real, frisando que não há estados onde seja legal matar um bebé após o nascimento. 

De acordo com o Pew Research Center, a esmagadora maioria dos abortos nos Estados Unidos --- 93% --- acontece durante o primeiro trimestre da gravidez. 

"Em nenhum lugar da América há uma mulher a levar uma gravidez até ao fim e a pedir um aborto. Isso não acontece e é um insulto às mulheres da América", disse a vice-presidente Kamala Harris no palco do debate da terça-feira.

Trump tem defendido repetidamente que a política de aborto deve ser decidida por cada estado, mas ativistas antiaborto --- que são parte fundamental da base republicana --- têm pedido aos congressistas republicanos que trabalhem no sentido de uma restrição nacional ao aborto.

Em 2022, o Supremo Tribunal norte-americano - composto por uma maioria conservadora solidificada durante o Governo de Trump - revogou o direito constitucional à interrupção da gravidez no país.

O debate histórico de terça-feira foi o primeiro entre Donald Trump e Kamala Harris e começou com um raro aperto de mãos, iniciado pela vice-presidente, que se apresentou pelo nome, num lembrete de que esta é a primeira vez que os dois políticos se encontram pessoalmente. É também o primeiro aperto de mãos num debate presidencial desde 2016.

Sediado pela rede ABC News, o debate decorreu no National Constitution Center, em Filadélfia, e foi regido pelas mesmas regras que foram ditadas para o histórico debate de junho entre Trump e o atual Presidente e ex-candidato democrata, Joe Biden, que acabou por desistir da corrida após um fraco desempenho nesse confronto.

Os jornalistas da ABC News David Muir e Linsey Davis moderaram o debate -- o único agendado até ao momento entre Donald Trump e Kamala Harris, pelo que poderá ser a primeira e única vez que os eleitores verão os dois políticos num frente-a-frente antes da eleição geral.

Leia Também: Debate EUA: Harris "controlou o debate" e Trump mordeu o isco

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