"A Venezuela condena, nos termos mais enérgicos, o novo crime de agressão cometido pelo governo dos EUA (...), ao impor medidas coercivas unilaterais, ilegítimas e ilegais a um grupo de funcionários do Estado, demonstrando uma vez mais o seu total desrespeito pelo direito internacional, pela autodeterminação dos povos e pela vontade democrática dos venezuelanos", afirma num comunicado o Ministério das Relações Exteriores.
As novas sanções, que Caracas diz serem um "novo crime de agressão" contra a Venezuela, são justificadas pelos EUA por os responsáveis terem proclamado "falsamente" a vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais de 28 de julho.
Os EUA sancionaram hoje 16 funcionários venezuelanos, incluindo membros do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), do Supremo Tribunal de Justiça e da Assembleia Nacional, por terem proclamado "falsamente" a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.
Entre os sancionados estão a presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Caryslia Rodríguez, o secretário-geral do CNE, António José Meneses, e o vice-presidente da Assembleia Nacional, Pedro Infante Aparicio.
A medida foi anunciada quatro dias depois da partida para o exílio, em Espanha, de Edmundo González Urrutia, o antigo diplomata que representa os principais partidos da oposição e que reivindicou a vitória nas presidenciais por uma larga margem.
As autoridades eleitorais venezuelanas declararam Maduro vencedor horas depois do encerramento das urnas, mas, ao contrário de eleições anteriores, nunca divulgaram os resultados pormenorizados das votações para corroborar a sua decisão.
Na nota hoje divulgada, o governo de Nicolás Maduro qualifica ainda as sanções de "um ato grosseiro que procura cair nas boas graças de uma classe política [oposição venezuelana] que tem recorrido a práticas fascistas e violentas para derrubar, sem sucesso, a democracia bolivariana".
"Pouco se pode esperar da potência mais hostil e sanguinária que a humanidade já conheceu, responsável por milhões de assassinatos em todo o mundo, com sócios genocidas e um historial de desrespeito pelas necessidades dos seus próprios cidadãos", sublinha, em referência aos Estados Unidos.
A condenação mundial da falta de transparência levou Maduro a pedir ao Supremo Tribunal, repleto de membros do partido no poder, que auditasse os resultados. O tribunal reafirmou a sua vitória.
Especialistas das Nações Unidas e do Centro Carter, que, a convite do governo de Maduro, observaram as eleições, determinaram que os resultados anunciados pelas autoridades eleitorais careciam de credibilidade.
O Tesouro norte-americano já sancionou mais de 140 funcionários venezuelanos atuais ou antigos.
O Departamento de Estado identificou quase 2.000 pessoas que possivelmente enfrentam restrições de vistos devido a alegações de corrupção, minando a democracia ou violando os direitos humanos dos venezuelanos.
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