"O governo imperial dos EUA agrediu e atacou-os com as chamadas sanções, por terem sido os protagonistas da vitória da paz na Venezuela contra o ataque do surto fascista", disse, na sexta-feira, Nicolás Maduro, num ato transmitido pela televisão estatal venezuelana.
O Presidente da Venezuela disse estar emocionado e alegre por condecorar os militares com a Ordem Libertador em primeira classe, e sublinhou que "nem com ameaças, sanções, nem com nada", os EUA vão deter o curso da Revolução Bolivariana, nem dividir a poderosa união cívico-militar-popular.
"Acredita o império norte-americano que chantageia e amedronta os oficiais e soldados das nossas gloriosas Forças Armadas Bolivarianas (FANB), mas o que nunca poderá entender é que as sanções são condecorações para a alma dos patriotas que amam a nossa Venezuela e jamais se renderão perante chantagens e ameaças", disse.
Foram condecorados o general-chefe Domingo Hernández Lárez, comandante estratégico operacional das FANB, os majores-generais Élio Estrada Paredes, comandante da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar) e Johan Hernández Lárez, comandante da Região Estratégica de Defesa Integral Capital da GNB, e o general de brigada Asdrúbal Brito Hernández, diretor de Investigações Criminais da Direção-geral de Contra-inteligência Militar (DGCIM, serviços de informações militares).
As condecorações tiveram lugar horas depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela condenar a decisão dos EUA de sancionar dois dos seus membros, a reitora principal e o secretário daquele organismo, Rosalba Gil Pacheco e António Meneses.
"Tentar chantagear os membros do CNE é uma manobra grosseira que já fracassou antes", disse o presidente do CNE, Elvis Amoroso, ao ler o comunicado na televisão estatal, sublinhando que o organismo "está hoje mais firme, unido e forte do que nunca, com capacidade de enfrentar qualquer ataque rasteiro contra a sua integridade".
Também na sexta-feira, a presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, Caryslia Rodríguez, condenou as sanções contra si e os magistrados Fanny Beatriz Márquez Cordero, Malaquías Gil Rodríguez, Inocêncio António Figueroa Arizaleta e Juan Carlos Hidalgo Pandares, por considerar que são "ações de ingerência dos EUA".
"É uma prática recorrente que está em colisão com os princípios universalmente aceites pelo Direito internacional", disse.
Os EUA sancionaram, na quinta-feira, 16 funcionários venezuelanos, incluindo membros do CNE, do Supremo Tribunal e da Assembleia Nacional por por terem "proclamado falsamente" a vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.
Entre os sancionados estão a presidente do Supremo Tribunal, Caryslia Rodríguez, o secretário-geral do CNE, António José Meneses, e o vice-presidente da Assembleia Nacional, Pedro Infante Aparicio.
A medida foi anunciada quatro dias depois da partida para o exílio, em Espanha, de Edmundo González Urrutia, o antigo diplomata que representa os principais partidos da oposição e reivindicou a vitória nas presidenciais por uma larga margem.
As autoridades eleitorais venezuelanas declararam Maduro vencedor horas depois do encerramento das urnas, mas, ao contrário de eleições anteriores, nunca divulgaram os resultados pormenorizados das votações para corroborar a decisão.
A condenação mundial da falta de transparência levou Maduro a pedir ao Supremo Tribunal, repleto de membros do partido no poder, que auditasse os resultados. O tribunal reafirmou a vitória.
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