Nos termos da Constituição, o governo apresenta a sua demissão após as eleições legislativas, o que aconteceu hoje, e é o rei quem nomeia o primeiro-ministro, e não o Parlamento, que goza de poderes limitados.
"O Rei Abdullah instruiu no domingo Jaafar Hassan a formar um novo governo", disse o Palácio em comunicado.
Hassan, 56 anos, substitui Bishr Al Jasauneh, que liderou o governo desde outubro de 2020 e que anteriormente apresentou a sua renúncia ao rei, segundo a televisão estatal.
"O Governo de Bishr Al Jasauneh apresentou a sua demissão ao rei jordano", informou hoje a agência noticiosa oficial jordana, Petra.
Segundo a nota, este foi o mandato mais longo de Al Jausaneh como primeiro-ministro desde que Abdullah II assumiu o cargo de Rei da Jordânia, em fevereiro de 1999, e que nos últimos três anos sofreu sete remodelações, com diversas alterações de pasta.
Depois de Al Jausaneh ter anunciado a sua demissão, Abdullah II emitiu um comunicado em que aceitava a demissão do Executivo jordano e lhe agradecia todos os seus esforços na última legislatura em que teve que enfrentar a pandemia do coronavírus e os graves efeitos que deixou no país, bem como com tudo o que implicou a reforma do sistema político e eleitoral em 2022.
Diretor do gabinete do Rei Abdullah II, o novo chefe de governo ocupou o cargo de ministro do Planeamento.
Durante as eleições legislativas realizadas na terça-feira, a Frente de Ação Islâmica (FAI), braço político da Irmandade Muçulmana e principal partido da oposição na Jordânia, saiu vitoriosa entre os grupos políticos após uma votação marcada pela baixa participação, num cenário de uma economia lenta e de guerra na Faixa de Gaza.
De um total de 138 assentos, os islamitas conquistaram 31, incluindo 17 (de 41) reservados a partidos políticos e os restantes atribuídos às regiões.
O Parlamento da Jordânia é bicameral. Além dos 138 deputados eleitos, conta com 69 senadores indicados pelo monarca. A assembleia pode retirar a sua confiança no governo, aprovar e promulgar leis.
A guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o movimento palestiniano Hamas influenciou, segundo analistas, o resultado das eleições legislativas no reino ligado a Israel por um tratado de paz desde 1994, onde quase metade da população jordana é de origem palestiniana.
As manifestações exigem regularmente o cancelamento deste tratado.
A guerra em Gaza também desferiu um duro golpe na economia da Jordânia, país vizinho de Israel e da Cisjordânia ocupada, em particular no setor do turismo (14% do PIB).
O reino depende fortemente da ajuda externa, nomeadamente dos Estados Unidos e do Fundo Monetário Internacional, e o desemprego atingiu 21% no primeiro trimestre de 2024.
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