"Cada incidente como este tem o potencial de ser o detonador que pode fazer com que a situação fique fora de controlo" no Médio Oriente, advertiu o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov.
O porta-voz do Presidente Vladimir Putin defendeu a necessidade de determinar quem foi responsável pela ação contra a milícia libanesa xiita, que tem atacado Israel em solidariedade com o grupo palestiniano Hamas.
"Isto deve ser objeto de estudo por parte de especialistas, a fim de tomar medidas para excluir riscos semelhantes no nosso país ou noutros locais", acrescentou.
O Hezbollah anunciou na terça-feira a explosão em simultâneo de milhares de dispositivos de receção de mensagens conhecidos como 'pagers' utilizados pelos elementos do grupo, provocando nove mortos e milhares de feridos.
O movimento xiita apoiado pelo Irão e o Governo do Líbano responsabilizaram Israel pelas explosões.
Sem apontar o dedo a Israel, tal como o Kremlin, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo considerou o ataque como irresponsável e extremamente perigoso.
"No contexto das crescentes tensões na fronteira israelo-libanesa, estas ações irresponsáveis podem ter consequências extremamente perigosas", declarou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, num comunicado.
Zakharova defendeu uma investigação exaustiva e a punição dos autores, "para que este novo ataque terrorista não passe despercebido".
"Apelamos a todas as partes envolvidas para que deem provas de contenção e evitem medidas que ameacem desestabilizar ainda mais a situação político-militar no Médio Oriente", afirmou, citada pela agência espanhola EFE.
Zakharova disse que a Rússia considera a ação "como um novo episódio da guerra híbrida contra o Líbano, que causou danos a milhares de pessoas totalmente inocentes".
"Acreditamos que os organizadores deste ataque altamente tecnológico procuraram deliberadamente desencadear um confronto militar em grande escala e provocar uma guerra de grandes proporções no Médio Oriente", acrescentou.
Israel e o Hamas travam uma guerra em Gaza desde 07 de outubro de 2023, quando o grupo palestiniano matou cerca de 1.200 pessoas e fez duas centenas de reféns num ataque sem precedentes em solo israelita, segundo as autoridades.
A resposta israelita causou mais de 41.200 mortos na Faixa de Gaza em 11 meses de combates, de acordo com o governo do Hamas, que controla o enclave palestiniano desde 2007.
Devido à guerra, Gaza está também a enfrentar uma crise sem precedentes, com ilhares de pessoas a necessitarem de ajuda alimentar urgente, segundo as organizações internacionais.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas como uma organização terrorista.
Em solidariedade com o Hamas, o Hezbollah tem atacado o norte de Israel a partir do sul do Líbano, e os rebeldes huthis do Iémen também visam alvos israelitas, nomeadamente no Mar Vermelho.
Hamas, Hezbollah e huthis, entre outros grupos, integram o chamado "eixo de resistência", uma coligação liderada pelo Irão contra Israel.
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