"Há tempo" e "condições" para evitar 3ª Guerra Mundial pese a conflitos
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, garantiu hoje acreditar que há "tempo" e "condições de evitar uma Terceira Guerra Mundial, mas criticou a multiplicação de conflitos e a "sensação de impunidade" que reina no mundo.
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Mundo António Guterres
Numa conferência de imprensa em Nova Iorque, acompanhada pela Lusa, Guterres avaliou que os riscos de uma nova Guerra Mundial são hoje maiores devido à sensação de impunidade que muitos países e milícias gozam. Mas "estamos perfeitamente a tempo de evitar entrar na Terceira Guerra Mundial", disse.
"O que estamos a testemunhar é uma multiplicação de conflitos e da sensação de impunidade. (...) Quero dizer, qualquer país ou qualquer entidade militar, milícias, seja o que for, sentem que podem fazer o que quiserem, porque nada lhes acontecerá", criticou.
O ex-primeiro ministro recordou que, ao contrário do período da Guerra Fria, em "que havia algumas proteções e normas", e "quando as coisas saíam do controlo, as superpotências uniam-se e resolviam o problema", atualmente "isso já não existe", lamentando a falta de resolução de problemas no terreno e o "enorme nível de impunidade".
"Estou muito mais preocupado com o impacto dramático na vida de civis, mulheres, crianças, idosos - de todos os lugares, desde o Sudão, a Myanmar e Gaza -, do que com o risco de uma Terceira Guerra Mundial, que ainda acredito que temos todas as condições de evitar", acrescentou.
O ex-primeiro-ministro português fez hoje, perante a imprensa, uma antevisão da 79.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas (UNGA79) e da Cimeira do Futuro, que arrancam na próxima semana em Nova Iorque, e pediu aos Estados-Membros "que aproveitem esta oportunidade" para tornar as instituições globais mais legítimas, eficazes e adequadas "para o mundo de hoje e de amanhã".
"Não podemos saber precisamente o que o futuro nos reserva. Mas não precisamos de uma bola de cristal para ver que os desafios do século XXI exigem mecanismos de resolução de problemas mais eficazes, em rede e inclusivos. (...) A mudança não acontecerá da noite para o dia. Mas pode começar hoje. (...) Seria trágico se tudo isso fosse perdido", afirmou.
Encontram-se nos estágios finais de negociação os três acordos a serem adotados na Cimeira do Futuro: o Pacto para o Futuro, o Pacto Digital Global e a Declaração sobre Gerações Futuras.
Guterres lançou em 2021 a ideia desta Cimeira, que decorrerá à margem da semana de alto nível da Assembleia-Geral da ONU e que estará focada na necessidade inadiável de uma maior cooperação internacional para enfrentar desafios urgentes como mudanças climáticas, pobreza e desigualdade, ao mesmo tempo em que o mundo se debate com os impactos de conflitos e crises globais de saúde.
No domingo e na segunda-feira, a Cimeira do Futuro receberá chefes de Estado e de Governo de todo o mundo, que deverão adotar o "Pacto para o Futuro", um documento orientado para a ação que visa reforçar a cooperação global e uma melhor adaptação aos desafios atuais para o benefício da população e das gerações futuras.
Embora prossigam intensas negociações, a última versão do texto publicada no final de agosto é descrita por muitos observadores como desprovida de ambição.
Guterres indicou hoje que, embora não possa fornecer detalhes sobre as negociações, estão a ser registados potenciais avanços em várias frentes importantes, como a "linguagem mais forte sobre a reforma do Conselho de Segurança numa geração --- e o passo mais concreto em direção à ampliação do Conselho desde 1963".
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