Líder da Autoridade Palestiniana propõe conferência de paz em Madrid

O líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, agradeceu hoje a Espanha o reconhecimento da Palestina como Estado e defendeu a realização de uma nova conferência de paz para o Médio Oriente em Madrid, como aconteceu em 1991.

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© Pablo Blazquez Dominguez/Getty Images

Lusa
19/09/2024 14:38 ‧ 19/09/2024 por Lusa

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Espanha

Abbas falava na sede do Governo de Espanha, em Madrid, onde hoje foi recebido na qualidade de Presidente da Palestina pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que alertou para o novo risco de escalada do conflito no Médio Oriente nos últimos dias, na sequência de uma série de explosões no Líbano.

 

O líder da Autoridade Palestiniana, segundo a tradução simultânea para espanhol da declaração que fez em árabe aos jornalistas, agradeceu a Espanha "o compromisso bem claro com a causa justa" e após "muita repressão" do povo palestiniano ao longo de 70 anos.

Além do reconhecimento do Estado da Palestina pelo Governo espanhol, em 28 de maio, Abbas destacou e agradeceu os esforços de Pedro Sánchez "dentro da União Europeia e em todos os âmbitos internacionais" para pôr em cima da mesa a concretização da designada solução dos dois Estados (israelita e palestiniano) e na reivindicação do respeito das resoluções das Nações Unidas e do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) relativas a Israel e aos territórios palestinianos de Gaza e Cisjordânia.

"Não podemos esquecer o papel de Espanha quando recebeu a conferência de paz de 1991. Reiteramos o novo pedido para que haja uma segunda conferência de paz aqui em Madrid", acrescentou Abbas.

O líder da Autoridade Palestiniana apelou a outros países europeus e da comunidade internacional para seguirem o exemplo de Espanha e reconhecerem também o Estado da Palestina e assim contribuírem para a abertura de um "processo político" que leve à paz e à segurança no Médio Oriente.

Destacando a situação em Gaza e que este território também terá de integrar sempre o Estado da Palestina, Abbas reiterou a intenção de levar um grupo de líderes internacionais, como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, até àquele território.

"O objetivo é parar o ataque e a agressão contra o nosso povo. Também reivindicamos a retirada de todas as tropas israelitas e que entremos todos num processo político com o objetivo de terminar a ocupação e alcançar a paz e a segurança na região", afirmou.

Pedro Sánchez, por seu turno, garantiu a Abbas o compromisso de continuar a trabalhar pela concretização dos dois Estados e pelo "pleno reconhecimento por parte da comunidade internacional e da Europa do Estado da Palestina".

O primeiro-ministro espanhol considerou que está em causa não só a urgência de terminar com a atual guerra em Gaza e responder à crise humanitária na região, como também defender a ordem e o direito internacionais e garantir a paz e a segurança no Médio Oriente e no mundo.

"A comunidade internacional e a Europa não pode ficar impassível ao sofrimento de milhares e milhares de civis inocentes, fundamentalmente, mulheres e crianças. Não devemos normalizar a violência", disse Sánchez, que sublinhou que, nos últimos dois dias, voltou a aumentar o risco de escalada do conflito no Médio Oriente com a situação no Líbano.

"Temos de fazer um novo apelo, contundente, à contenção, à 'desescalada', à coexistência pacífica entre países, à paz", disse o primeiro-ministro espanhol.

Após este encontro em Madrid, Abbas e Sánchez vão estar juntos, na próxima semana, na Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, à margem da qual haverá reuniões ministeriais sobre a situação no Médio Oriente.

Ambos consideraram que as reuniões em Nova Iorque das próximas semanas serão fundamentais para tentar alcançar um cessar-fogo em Gaza e abrir um processo de paz na região.

Espanha e a Palestina vão ainda celebrar a primeira cimeira bilateral entre os dois Estados em 2024.

O Governo de Espanha reconheceu formalmente a Palestina como Estado em 28 de maio, dia em que também a Noruega e a Irlanda avançaram com a mesma decisão, o que gerou críticas por parte de Israel.

Leia Também: China defende que acabar ocupação de Gaza "não é opção, mas sim obrigação"

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