Abbas falava na sede do Governo de Espanha, em Madrid, onde hoje foi recebido na qualidade de Presidente da Palestina pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que alertou para o novo risco de escalada do conflito no Médio Oriente nos últimos dias, na sequência de uma série de explosões no Líbano.
O líder da Autoridade Palestiniana, segundo a tradução simultânea para espanhol da declaração que fez em árabe aos jornalistas, agradeceu a Espanha "o compromisso bem claro com a causa justa" e após "muita repressão" do povo palestiniano ao longo de 70 anos.
Além do reconhecimento do Estado da Palestina pelo Governo espanhol, em 28 de maio, Abbas destacou e agradeceu os esforços de Pedro Sánchez "dentro da União Europeia e em todos os âmbitos internacionais" para pôr em cima da mesa a concretização da designada solução dos dois Estados (israelita e palestiniano) e na reivindicação do respeito das resoluções das Nações Unidas e do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) relativas a Israel e aos territórios palestinianos de Gaza e Cisjordânia.
"Não podemos esquecer o papel de Espanha quando recebeu a conferência de paz de 1991. Reiteramos o novo pedido para que haja uma segunda conferência de paz aqui em Madrid", acrescentou Abbas.
O líder da Autoridade Palestiniana apelou a outros países europeus e da comunidade internacional para seguirem o exemplo de Espanha e reconhecerem também o Estado da Palestina e assim contribuírem para a abertura de um "processo político" que leve à paz e à segurança no Médio Oriente.
Destacando a situação em Gaza e que este território também terá de integrar sempre o Estado da Palestina, Abbas reiterou a intenção de levar um grupo de líderes internacionais, como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, até àquele território.
"O objetivo é parar o ataque e a agressão contra o nosso povo. Também reivindicamos a retirada de todas as tropas israelitas e que entremos todos num processo político com o objetivo de terminar a ocupação e alcançar a paz e a segurança na região", afirmou.
Pedro Sánchez, por seu turno, garantiu a Abbas o compromisso de continuar a trabalhar pela concretização dos dois Estados e pelo "pleno reconhecimento por parte da comunidade internacional e da Europa do Estado da Palestina".
O primeiro-ministro espanhol considerou que está em causa não só a urgência de terminar com a atual guerra em Gaza e responder à crise humanitária na região, como também defender a ordem e o direito internacionais e garantir a paz e a segurança no Médio Oriente e no mundo.
"A comunidade internacional e a Europa não pode ficar impassível ao sofrimento de milhares e milhares de civis inocentes, fundamentalmente, mulheres e crianças. Não devemos normalizar a violência", disse Sánchez, que sublinhou que, nos últimos dois dias, voltou a aumentar o risco de escalada do conflito no Médio Oriente com a situação no Líbano.
"Temos de fazer um novo apelo, contundente, à contenção, à 'desescalada', à coexistência pacífica entre países, à paz", disse o primeiro-ministro espanhol.
Após este encontro em Madrid, Abbas e Sánchez vão estar juntos, na próxima semana, na Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, à margem da qual haverá reuniões ministeriais sobre a situação no Médio Oriente.
Ambos consideraram que as reuniões em Nova Iorque das próximas semanas serão fundamentais para tentar alcançar um cessar-fogo em Gaza e abrir um processo de paz na região.
Espanha e a Palestina vão ainda celebrar a primeira cimeira bilateral entre os dois Estados em 2024.
O Governo de Espanha reconheceu formalmente a Palestina como Estado em 28 de maio, dia em que também a Noruega e a Irlanda avançaram com a mesma decisão, o que gerou críticas por parte de Israel.
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