Polémica cápsula de auxílio ao suicídio foi utilizada por norte-americana

Uma norte-americana de 64 anos, gravemente doente, suicidou-se na segunda-feira numa floresta na Suíça, utilizando uma máquina futurista em forma de sarcófago, considerada ilegal pelas autoridades suíças que realizaram várias detenções.

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© Getty Images/ARND WIEGMANN/AFP

Lusa
25/09/2024 06:30 ‧ 25/09/2024 por Lusa

Mundo

Suíça

Numa foto enviada pela associação The Last Resort, que promove este dispositivo que causa a morte por hipoxia de azoto, esta minicabine roxa surgia na escuridão da vegetação rasteira no cantão de Schaffhausen, perto de Merishausen, no norte da Suíça, a poucos passos da Alemanha.

 

O copresidente do The Last Resort, Florian Willet, que foi "a única pessoa presente" na morte desta norte-americana que sofria de uma "grave deficiência imunitária", descreveu a sua morte como sendo "pacífica, rápida e digna".

Esta é a primeira vez que esta cápsula é utilizada, segundo os meios de comunicação suíços citados pela agência France-Presse (AFP).

A morte ocorreu na segunda-feira pelas 16:00 (15:00 em Lisboa), enquanto quase ao mesmo tempo a ministra do Interior suíça, Elisabeth Baume-Schneider, afirmava perante os deputados que esta "cápsula suicida de Sarco não está em conformidade com a lei" por razões de segurança e incompatibilidade com a lei dos produtos químicos.

O Ministério Público de Schaffhausen foi informado na segunda-feira por um escritório de advogados deste suicídio assistido com recurso à cápsula Sarco.

"Encontrámos a cápsula com a pessoa inanimada lá dentro", revelou o procurador de Schaffhausen, Peter Sticher, ao diário suíço Blick.

"Prendemos várias pessoas (...) para evitar que conspirassem entre si ou escondessem provas", acrescentou.

Os promotores da cápsula tinham sido avisados. "Dissemos que se viessem para Schaffhausen e usassem o Sarco, enfrentariam consequências criminais", garantiu Sticher.

Foi aberta uma investigação criminal "por incitamento e assistência ao suicídio".

A polícia anunciou as detenções na terça-feira, depois de o diário neerlandês De Volkskrant ter dito que um dos seus fotógrafos tinha sido detido em ligação com o caso.

O suicídio assistido é possível na Suíça, sob condições muito específicas, mas esta "cápsula Sarco" -- assim chamada pelos seus promotores -- tem causado agitação desde a sua apresentação em julho.

Inventada pelo australiano Philip Nitschke, ex-médico conhecido pelas suas polémicas posições sobre o fim da vida, a cápsula tem a forma de uma minicabine transportável.

A pessoa que quer acabar com a vida deve ficar ali, responder a uma série de perguntas para confirmar que compreende o que está a fazer antes de carregar num botão que liberta o azoto.

O utilizador deve perder a consciência após algumas respirações e morrer após alguns minutos, de acordo com o The Last Resort.

Este dispositivo levantou importantes questões éticas, mas também inúmeras questões jurídicas para determinar se pode ou não ser considerado legal na Suíça.

Na Suíça, de acordo com a lei, só é punível quem, "movido por motivos egoístas", auxiliar no suicídio de alguém.

A prática do suicídio assistido organizado é, no entanto, regulada pelos códigos de ética médica e por organizações como a Exit e a Dignitas, que estabeleceram as suas próprias salvaguardas (idade, doenças, etc.).

A The Last Resort diz que os seus advogados sempre acreditaram que a sua utilização na Suíça era legal.

Em julho, Willet explicou que a Suíça tinha sido escolhida devido ao seu sistema "maravilhoso liberal".

Segundo o The Last Resort, a utilização da cápsula é gratuita, mas o custo do azoto é de 18 francos (19 euros).

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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades:

SOS Voz Amiga (entre as 15h30 e 00h30, número gratuito) 800 100 441 (entre as 16h e as 00h00) 213 544 545 - 912 802 669 - 963 524 660 

Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020 - 915246060 - 969554545

Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707 

Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

Todos estes contactos garantem anonimato tanto a quem liga como a quem atende. No SNS24 (808 24 24 24 - depois deve selecionar a opção 4), o contacto é assumido por profissionais de saúde. A linha do SNS24 funciona 24 horas por dia.

Leia Também: Vários detidos após uso de cápsula de auxílio ao suicídio na Suíça

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