Na terça-feira, naquele que foi o primeiro (e possivelmente único) debate vice-presidencial de 2024, JD Vance abordou alguns dos temas que mais pesam contra os republicanos na corrida eleitoral, nomeadamente a violência armada que assola o país e a questão do aborto.
O parceiro de Trump na corrida presidencial pediu mais segurança nas escolas para conter a violência armada, apesar de os republicanos se oporem a retirar armas de assalto das ruas.
"Eu, infelizmente, acho que temos que aumentar a segurança nas nossas escolas. Temos que fazer as portas trancarem melhor. Temos que tornar as portas mais fortes. Temos que tornar as janelas mais fortes e, claro, temos que aumentar os recursos dos agentes nas escolas, porque a ideia de que podemos magicamente acenar uma varinha e [tirar] as armas das mãos dos bandidos" não é realista, defendeu o senador do Ohio.
A questão da violência armada levou a um breve momento de conciliação entre Vance e Tim Walz, depois que o candidato democrata à vice-presidência mencionou que um dos seus filhos testemunhou um tiroteio num centro comunitário.
O relato de Walz surpreendeu e entristeceu visivelmente Vance, que lamentou a experiência do filho do governador.
No confronto de candidatos a vice-presidente, Vance também afirmou que "nunca apoiou uma proibição nacional do aborto", embora, em 2022, quando concorria ao Senado, ter dito que "certamente gostaria que o aborto fosse ilegal nacionalmente".
No debate, marcado por um registo cordial entre ambos, Vance foi encurralado pelo seu oponente quando surgiu o assunto do ataque ao Capitólio de 06 de janeiro de 2021, tendo-se esquivado de responder à questão sobre se Trump perdeu a eleição presidencial de 2020.
"Isso foi uma ameaça à nossa democracia de uma forma que não tínhamos visto e manifestou-se por causa da incapacidade de Donald Trump de dizer --- e ele ainda diz --- que não perdeu a eleição", defendeu Walz, governador do Minesota.
O candidato democrata à vice-presidência perguntou então diretamente a Vance: "Ele [Trump] perdeu a eleição de 2020?", mas o senador do Ohio recusou-se a responder.
"Tim, estou focado no futuro", disse Vance, que alegou que Trump "entregou pacificamente o poder" ao deixar o cargo de Presidente, numa eleição que perdeu para Joe Biden.
"Isso é uma maldita de uma não-resposta", contestou Walz.
Trump continua a recusar reconhecer a sua derrota nas eleições de 2020 e nega qualquer envolvimento no ataque de 06 de janeiro de 2021, quando os seus apoiantes invadiram violentamente o Capitólio norte-americano para tentar evitar a confirmação da vitória eleitoral de Biden.
No debate, que teve lugar nos estúdios da estação televisiva CBS News em Nova Iorque, Vance disse acreditar que todos os norte-americanos, independentemente da sua condição, merecem ter as suas necessidades básicas atendidas, apelando aos eleitores por uma mudança que passe pelo ex-presidente Donald Trump.
"Acredito que, seja rico ou pobre, você deve poder comprar uma casa, deve poder viver em bairros seguros, não deve ter as suas comunidades inundadas com fentanil, e isso também ficou mais difícil por causa das políticas de Kamala Harris", atacou o senador.
Kamala Harris é "vice-presidente há três anos e meio" e as "suas políticas fizeram piorar esses problemas", advogou.
"Precisamos de mudança, precisamos de uma nova direção, precisamos de um Presidente que já fez isso antes -- e fez bem. Por favor, vote em Donald Trump", instou.
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