Os ataques rebeldes ocorreram na passada segunda-feira nas aldeias de Bilulu e Makaburi, localizadas no setor de Bapere, em Lubero, um dos territórios da província de Kivu do Norte.
"Houve um ataque dos rebeldes do ADF em Mongalia, onde as pessoas estavam a assistir a um funeral. Este ataque foi denunciado e o nosso exército, que está a trabalhar com o exército ugandês contra as ADF, recuou e perseguiu estes rebeldes", disse o chefe do setor de Bapere, Macaire Sivikunula, à EFE, por telefone.
"Na sua fuga, as ADF atacaram os habitantes da aldeia de Makaburi, onde mataram 11 civis e saquearam casas. Já em Mabama, localizada a um quilómetro de Bilulu, um civil foi morto. No entanto, ficámos a saber que seis outros civis foram mortos no centro de Bilulu. Isto dá-nos um número provisório de 18 civis mortos às mãos destes rebeldes", disse Sivikunula.
Segundo o chefe local, as forças armadas da RDCongo e do Uganda continuam "em perseguição" dos atacantes, que ainda estão presentes nas imediações de Bilulu, cujo acesso ao centro de Bilulu foi bloqueado.
"Apenas o exército está ocupado a limpar todas as posições erguidas pelas ADF no local. Só depois é que teremos acesso e uma avaliação definitiva destes ataques a civis, a maioria dos quais foram decapitados", acrescentou Sivikunula.
Este ataque ocorreu quando parte do território de Lubero está ocupado pelo Movimento rebelde 23 de março (M23), cujos combates com o exército congolês e respetivos aliados decorrem desde finais de 2021, obrigando centenas de milhares de civis a fugir.
Além das ADF e do M23, outros grupos armados operam nesta região do leste da RDCongo, rica em recursos minerais, incluindo ouro.
As ADF são uma milícia de origem ugandesa, mas estão atualmente sediadas nas províncias congolesas vizinhas de Kivu do Norte e Ituri, onde realizam ataques frequentes e aterrorizam a população.
Os seus objetivos não são claros, para além de uma possível ligação ao Estado Islâmico, que por vezes reivindica a responsabilidade pelas suas ações.
As autoridades ugandesas também acusam o grupo de organizar ataques no seu território e, em novembro de 2021, os exércitos do Uganda e da RDCongo iniciaram uma operação militar conjunta em curso para combater estes rebeldes.
Embora os peritos do Conselho de Segurança da ONU não tenham encontrado provas de apoio direto do Estado Islâmico às ADF, que os Estados Unidos identificaram, desde março de 2021, como uma "organização terrorista" afiliada ao grupo terrorista.
Desde 1998, o Leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por mais de uma centena de grupos rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão da ONU no país (Monusco).
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