"A mulher yazidi casou-se com um jovem palestiniano da cidade de Khan Younis - sul de Gaza - enquanto ele participava nos combates nas fileiras das forças da oposição na irmã Síria", alegou o Governo, segundo o qual a jovem viveu inicialmente naquele país com o marido e a mãe dele e após a morte do miliciano mudou-se com a sogra para Gaza.
De facto, as autoridades de Gaza asseguram que foram elas que coordenaram a saída da jovem, Fawzie Amin Sido, quando "pediu para comunicar com a sua família porque começou a sentir que não estava segura na Faixa de Gaza com a intensidade dos bombardeamentos" e os ataques bárbaros da ocupação israelita, e pediu para ser retirada.
Quando Amin Sido contactou com a sua família, esta pôs-se em contacto com o governo jordano, que teria coordenado com Israel a sua saída de Gaza através da passagem fronteiriça de Kerem Shalom, no sul do enclave.
No momento, as autoridades de Faixa não forneceram nenhuma prova sobre a sua versão.
A história do Governo de Gaza rompe com a versão do Exército israelita, segundo a qual a jovem estava detida por um miliciano do Hamas com ligações ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI), e foi resgatada "numa complexa operação coordenada entre Israel, Estados Unidos e outros atores internacionais".
Quando o miliciano palestiniano com quem ela se casou na Síria morreu, Amin Sido teria viajado "por sua própria vontade" com a sogra para a Turquia e "usando portos legais" ambas chegaram ao Egito para finalmente se mudarem para Gaza.
No enclave, a jovem casou-se com o irmão do falecido marido, com quem viveu até ele morrer a vida durante a atual ofensiva israelita na Faixa, que provocou quase 42 mil mortos desde há um ano.
O Governo de Gaza diz ainda que "cedeu um quarto privado numa das instalações governamentais no sul da Faixa de Gaza" à jovem quando o seu segundo marido morreu, que utilizou até solicitar a sua retirada.
Entre outras coisas, as autoridades do enclave dizem que Israel também "mentiu" sobre a idade de Amin Sido, dizendo que ela tinha 21 anos, quando na verdade tinha mais de 25.
A ativista yazidi iraquiana Nadia Murad, vencedora do prémio Nobel da Paz em 2018 e fundadora da ONG A Iniciativa de Nadia, que ajuda mulheres yazidi que foram escravas sexuais do Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque, disse, na quinta-feira, na sua conta oficial do X que a "menina yazidi foi sequestrada pelo EI em 2014".
"Após a queda do califado no Iraque e na Síria (2017 e 2019, respetivamente), o ISIS transferiu-a para Gaza. Não é a única detida em Gaza pelo ISIS", disse ele.
Depois de receber a jovem, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano garantiu que esta foi raptada por "terroristas do EI e transferida para vários países antes de ser libertada", sem referir onde se encontrava.
Depois de receber a jovem, o ministério dos Negócios Estrangeiros iraquiano garantiu que esta foi raptada por "terroristas do EI e transferida para vários países antes de ser libertada", sem referir onde se encontrava.
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