"Votar é escolher. E escolher não se escolhe de qualquer maneira, tem que haver motivo. E não se pode escolher por emoção. Cinco anos [mandato presidencial] não é brincadeira, é o futuro do nosso país que está em causa", disse Daniel Chapo, durante um comício para as eleições gerais de 09 de outubro realizado hoje, em Moatize, província de Tete, no centro de Moçambique.
Numa analogia de Moçambique ao carro que é preciso "conduzir" nos próximos cinco anos, Daniel Chapo recordou os cargos que desempenhou como administrador de distrito e governador de província, para criticar a falta de experiência governativa dos restantes candidatos.
"O número três [na ordem do boletim de voto, Venâncio Mondlane] fala muito. Está a toda hora nervoso. Sozinho, não precisa de lhe provocar. Mas é como o número um [Lutero Simango], nunca o viram conduzir", criticou, na mesma ação de campanha eleitoral, que termina em todo o país este domingo.
"Não há outro partido que tem experiência de conduzir o povo, resolver as preocupações do povo, trabalhar com o povo, para poder resolver os problemas do povo. Não há outro partido, é só a Frelimo e o seu candidato", afirmou o também atual secretário-geral do partido que lidera Moçambique desde 1975.
Na sexta-feira, em entrevista exclusiva à Lusa, Daniel Chapo garantiu que nunca tinha equacionado concorrer à Presidência, mas que recebeu essa "missão" para "servir o povo".
"Não, porque na Frelimo recebe-se missões. Nunca imaginei que seria um administrador distrital, mas depois como membro da Frelimo, fui chamado a esta missão, de dirigir o distrito de Nacala-Velha, em Nampula. Depois também recebi a missão de dirigir o distrito de Palma em Cabo Delgado, quando começaram os projetos de gás e depois também governador de Inhambane", começou por explicar.
Jurista de profissão, Daniel Chapo, 47 anos, foi aprovado em maio pelo Comité Central do partido como candidato apoiado pela Frelimo à sucessão de Filipe Nyusi. Era então, desde 2016, governador da província de Inhambane.
"E esta foi mais uma missão, para poder concorrer como o candidato da Frelimo para a Presidência da República. E recebi, tal como recebi as outras missões, para poder realmente servir o povo moçambicano", disse.
Moçambique realiza na próxima quarta-feira as sétimas eleições presidenciais - às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
A campanha eleitoral, que arrancou em 24 de agosto, termina no domingo e Daniel Chapo já fez, desde a sua escolha em maio pela Frelimo, mais de duas voltas ao país, com três comícios por dia.
Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar na quarta-feira, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições.
Concorrem ainda à Presidência Ossufo Momade, apoiado pela Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força parlamentar, e Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos).
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