República Dominicana: protesto para expulsar haitianos sem documentos

Centenas de pessoas manifestaram-se na capital da República Dominicana, Santo Domingo, para exigir que o Presidente Luis Abinader cumpra a promessa de expulsar do país 10 mil haitianos sem documentos, por semana.

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Lusa
06/10/2024 06:59 ‧ 06/10/2024 por Lusa

Mundo

Haiti

De acordo com dados oficiais, cerca de 500 mil haitianos vivem na vizinha República Dominicana, um país caribenho de 10,5 milhões de habitantes que partilha a ilha Hispaniola com o Haiti, em plena crise económica e sob o controlo de grupos de crime organizado.

 

"Fora com os haitianos", "Se Abinader não os expulsar, nós o faremos", "Não à invasão dos haitianos", gritaram os manifestantes na Place du Drapeau, em Santo Domingo, no sábado.

"[Estamos aqui] para que o Presidente não reverta a sua decisão e comece a sancionar os imigrantes ilegais", declarou à imprensa Angelo Vasquez, presidente da Antiga Ordem Dominicana, um movimento nacionalista que organizou o protesto.

Cerca de 250 mil haitianos foram expulsos da República Dominicana em 2023, de acordo com as estatísticas oficiais. Se Luis Abinader cumprir a promessa de 10 mil expulsões por semana, o número anual ultrapassará os 500 mil em 2024.

"Não pode haver dois países num só, uma cultura muito diferente, idiossincrática, uma religião, não podemos suportar o fardo do Haiti (...) eles nem têm documentos no seu país, já chega, estamos a chegar ao limite", disse Lidia Baez, uma gestora, à agência de notícias France-Presse.

Os manifestantes exigiram ainda que os haitianos expulsos fossem impedidos de regressar, denunciando irregularidades no controlo fronteiriço.

Por sua vez, a comunidade haitiana afirma ser vítima de discriminação.

Ativistas como o coordenador do Gabinete de Migração e Refugiados da República Dominicana, William Charpentier, de origem haitiana, falam de "perseguição racial" por parte da polícia durante inúmeras operações.

Os haitianos representam 30% da força de trabalho dos setores da pecuária, agricultura e construção civil na República Dominicana, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a População.

A onda de violência no Haiti e a situação humanitária catastrófica, que causou quase 3.900 mortos desde janeiro, obrigou mais de 700 mil pessoas, metade das quais crianças, a abandonar as suas casas na procura de refúgio noutros pontos do país, de acordo com os últimos dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), publicados na quarta-feira.

Isto apesar da chegada ao Haiti da Missão Multinacional de Apoio à Segurança, liderada pelo Quénia.

A missão tem atualmente apenas 400 operacionais, a grande maioria quenianos. No início de setembro, cerca de duas dezenas de polícias e soldados da Jamaica chegaram ao Haiti.

A missão deverá atingir 2.500 operacionais. Bahamas, Bangladesh, Barbados, Benim e Chade já se comprometeram a enviar polícias e soldados, embora não seja claro quando isso poderá acontecer.

Leia Também: Haiti pede ao Quénia e Emirados Árabes Unidos ajuda contra grupos armados

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