Ataques de Israel a fronteira Líbano-Síria ameaçam civis e missões

Os ataques de Israel na fronteira Líbano-Síria, que aumentaram nos últimos dias, representam um "grande risco" para os civis que tentam entrar no território sírio e dificultam as operações humanitárias, alertou hoje a organização Human Rights Watch (HRW).

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© MAHMOUD ZAYYAT/AFP via Getty Images

Lusa
07/10/2024 14:52 ‧ 07/10/2024 por Lusa

Mundo

Human Rights Watch

Na sexta-feira, o exército israelita realizou um ataque no leste do Líbano, perto da passagem fronteiriça de Masnaa, na Síria, cortando a estrada principal entre os dois países.

 

Um responsável do Ministério dos Transportes sírio, Sleiman Khalil, disse hoje, citado pela agência de notícias francesa AFP, que "o tráfego rodoviário ainda é impossível neste eixo", embora os peões já consigam utilizá-lo.

Israel acusa o movimento paramilitar xiita libanês Hezbollah de fazer circular armas por esta via.

Os ataques de Israel "impedem a fuga de civis e dificultam as operações humanitárias", afirmou a HRW, num comunicado.

"Um ataque israelita a um alvo militar legítimo pode ser ilegal se for suscetível de causar danos a civis desproporcionais aos ganhos militares", acrescentou a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos.

O exército israelita afirmou ter atingido "um túnel subterrâneo utilizado para contrabandear armas através da fronteira", recordou a organização.

Se o Hezbollah utiliza a fronteira para transportar armas, o movimento xiita, que é pró-iraniano, também "não toma todas as precauções possíveis para proteger os civis", escreveu ainda a HRW.

O Alto-comissário da ONU para os Refugiados (ACNUR), Filippo Grandi, que realizou no domingo uma visita a Beirute, estimou que este ataque tenha "bloqueado, de facto, muitas pessoas que procuram abrigo na Síria".

Segundo as autoridades libanesas, mais de 370 mil pessoas, a maioria das quais sírias, atravessaram a fronteira para aquele país desde o início da intensificação dos ataques israelitas no Líbano, a 23 de setembro.

Mais de 774 mil refugiados sírios que fugiram da guerra civil no seu país foram registados no Líbano pela ONU antes da escalada do conflito entre o Hezbollah e Israel. As autoridades libanesas, por seu lado, estimaram o número em dois milhões.

O movimento xiita libanês Hezbollah declarou hoje que vai continuar a combater a "agressão" de Israel, quando se assinala o primeiro aniversário do ataque do grupo extremista palestiniano Hamas ao sul de Israel, em 07 de outubro de 2023, uma ação sem precedentes que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns que foram levados para a Faixa de Gaza.

Israel respondeu ao ataque com uma ofensiva na Faixa de Gaza que, desde então, provocou cerca de 42.000 mortos, segundo o governo do enclave controlado pelo Hamas desde 2007.

Também mais de 740 palestinianos foram mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, sob ocupação israelita.

O grupo libanês, um aliado do Hamas, classificou Israel como uma entidade "cancerosa" que deve ser erradicada.

Desde outubro de 2023, Israel e o Hezbollah têm estado envolvidos num fogo cruzado quase diário, hostilidades que se agravaram nas últimas semanas.

A formação xiita, que é apoiada pelo Irão, afirmou ter aberto uma frente contra Israel no sul do Líbano, com o objetivo de "defender o Líbano", embora tenha reconhecido que "pagaram um preço elevado".

Desde outubro de 2023, mais de 2.000 pessoas foram mortas no Líbano, incluindo mais de mil desde a intensificação dos bombardeamentos israelitas a 23 de setembro, segundo as autoridades libanesas, que também apontam para cerca de 1,2 milhões de deslocados no país.

Israel prometeu combater o poderoso movimento armado libanês até "à vitória", de forma a permitir o regresso às regiões fronteiriças dos 60.000 habitantes deslocados pelos incessantes disparos de 'rockets' vindos do lado libanês.

Leia Também: Borrell denuncia "cicatrizes profundas" em Gaza

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