Cerca de um milhão de pessoas deslocadas este ano na RDCongo

Cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas das suas casas este ano na República Democrática do Congo (RDCongo), onde os direitos humanos continuam a degradar-se, afirmou esta terça-feira o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

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Lusa
08/10/2024 16:20 ‧ 08/10/2024 por Lusa

Mundo

República Democrática do Congo

A situação na RDCongo, país que faz fronteira com Angola, é "uma mistura explosiva de violência crescente, interesses regionais e internacionais, empresas exploradoras e um Estado de direito fraco" declarou Volker Türk ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra, Suíça.

 

Entre 01 de junho de 2023 e 31 de maio de 2024, 85% das violações e abusos cometidos na RDCongo ocorreram nas províncias já afetadas pelo conflito no leste do país.

Segundo Türk, os membros de grupos armados foram responsáveis por 61% destas violações, bem como de ataques mortais contra civis e infraestruturas civis, incluindo escolas e hospitais.

A violência sexual está a aumentar, tendo sido identificadas 700 novas vítimas, lamentou.

"Os grupos armados estão a raptar, a manter em cativeiro e a submeter mulheres e raparigas a escravidão sexual. Muitas delas foram mortas depois de terem sido violadas", acrescentou.

Türk citou fontes humanitárias que referem que "mais 940.000 pessoas foram deslocadas internamente este ano, elevando o número total de pessoas deslocadas para mais de 6,4 milhões".

O Alto-Comissário exortou "os países com influência sobre os grupos armados a fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para pôr termo aos combates, nomeadamente o Ruanda, que tem de deixar de apoiar o M23 (Movimento 23 de Março) no Kivu do Norte, e qualquer outro país que apoie grupos armados ativos na RDCongo".

Para si, as receitas dos recursos naturais devem beneficiar a população.

"A RDCongo é dotada", em particular, "de minerais como o cobalto, o coltan, o ouro e o cobre, de um potencial hidroelétrico significativo, de vastas terras aráveis, de uma biodiversidade imensa e da segunda maior floresta tropical do mundo", disse.

No entanto, a apropriação dos recursos provenientes da exploração ilegal e do comércio ilícito dos recursos naturais do país, com a cumplicidade de empresas nacionais e estrangeiras, bem como a proliferação e o tráfico de armas, continuam a ser um dos principais motores da atual violência", lamentou.

"Esta situação também mergulha a população na pobreza (...) O que me impressiona é a medida em que a situação no leste (da RDCongo) está ligada à nossa vida quotidiana, como os nossos telemóveis, que são alimentados por minerais do leste", advertiu.

Leia Também: Mpox. RD Congo inicia vacinação contra vírus com 265 mil doses

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