Guterres criticou o assassínio de jornalistas e trabalhadores humanitários no Médio Oriente esta terça-feira, dizendo que escreveu ao presidente israelita Benjamin Netanyahu para “expressar a sua profunda preocupação” relativamente a um projeto de lei que poderia impedir a agência de refugiados da ONU (ACNUR) de trabalhar em Gaza.
O Secretário-Geral das Nações Unidas começou por lamentar a morte de jornalistas e vários dos seus operacionais em Gaza, considerando-os a "espinha dorsal" das operações de ajuda humanitária em Gaza.
“No meio de toda esta agitação, a ACNUR, mais do que nunca, é indispensável. A ACNUR, mais do que nunca, é insubstituível”, disse o responsável.
Guterres também alertou Israel que proibir a ACNUR no país "iria diametralmente opor-se à Carta das Nações Unidas e violaria as obrigações de Israel ao abrigo do direito internacional", porque "as leis nacionais não podem alterar essas obrigações".
Na carta, o secretário-geral afirma que proibir as atividades da ACNUR "seria uma catástrofe que se somaria ao que já é um desastre absoluto", o que também complicaria a situação política, uma vez que a conduziria a uma maior instabilidade e insegurança.
Além disso, António Guterres alertou contra a extensão do conflito ao Líbano e a outras regiões vizinhas, e equiparou a situação no Médio Oriente a "um barril de pólvora com muitas partes a segurar o fósforo".
Guterres quis também prestar homenagem aos "homens e mulheres da UNIFIL (missão da ONU no sul do Líbano) que servem naquele que é hoje o ambiente mais complicado para capacetes azuis em qualquer lugar do mundo".
"Todas as partes devem garantir a sua segurança" a esses quase 10.000 agentes, afirmou.
Israel pediu à UNIFIL que evacuasse parte das suas posições na área perto da fronteira, mas a missão recusou-se a cumprir essas ordens, acrescentando um novo fator de tensão entre Israel e a ONU.
Além disso, Guterres apelou a um maior compromisso internacional com o Líbano no capítulo financeiro, uma vez que dos 426 milhões de dólares (467,4 milhões de euros) necessários para responder ao apelo humanitário, apenas 12% foram arrecadados.
As declarações do Secretário-Geral foram proferidas numa altura em que os ataques do Hamas de 7 de outubro fizeram um ano. Depois deste dia, Israel lançou uma ofensiva em Gaza, que provocou mortes em massa na região e que levou várias Organizações não Governamentais bem como a própria ONU a pedir um cessar-fogo.
[Notícia atualizada às 19h29]
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