"Vamos exigir uma política de corresponsabilidade e solidariedade em Bruxelas, exigindo que toda a Europa se envolva efetivamente na gestão dos fluxos migratórios que os países mediterrânicos recebem", afirmou Pedro Sánchez durante um discurso no parlamento espanhol.
"Para tal, pediremos à Comissão Europeia que antecipe a entrada em vigor do Pacto sobre Migrações e Asilo" para que as suas disposições "comecem a ser implementadas no verão de 2025 e não no verão de 2026", acrescentou o líder socialista.
Os 27 Estados-membros da União Europeia adotaram, em maio, uma série de normas para reforçar o controlo da imigração, que está prevista entrar em vigor a meio de 2026.
Este pacto visa reforçar os controlos fronteiriços com procedimentos destinados a facilitar o regresso à origem de migrantes cujo direito de asilo seja rejeitado e estabelece um sistema de solidariedade entre os Estados-membros no cuidado dos requerentes de asilo.
O pedido de Pedro Sánchez é feito numa altura em que as autoridades espanholas enfrentam, há meses, um aumento das chegadas de migrantes irregulares às Canárias, situadas ao largo da costa noroeste de África, onde as tragédias migratórias estão a aumentar.
Nos primeiros nove meses de 2024, 30.808 migrantes -- dos quais 12% (quase 4.000) eram menores -- desembarcaram no arquipélago, o dobro do valor registado no mesmo período do ano passado, segundo o Ministério do Interior.
Perante o fluxo, as autoridades das Canárias -- que atualmente cuidam de cerca de 5.500 menores embora a sua capacidade logística não ultrapasse 2.000 lugares -- dizem-se sobrecarregadas e apelam a mais solidariedade.
Esta pressão migratória aumentou a preocupação com as questões migratórias no país. De acordo com uma sondagem publicada na terça-feira pelo diário El Pais, 57% dos espanhóis consideram que há demasiados imigrantes em Espanha e 41% dizem estar "preocupados" com a imigração -- o que indica um aumento de 16 pontos percentuais em relação há um ano e meio.
Reconhecendo que o assunto "é delicado", Pedro Sánchez apelou, no entanto, a uma abordagem aberta relativamente à migração, considerada essencial para garantir "a prosperidade presente e futura" de Espanha.
"Hoje, mais de metade das empresas espanholas reportam dificuldades em encontrar trabalhadores e o número de vagas por preencher já ultrapassa as 150 mil", lembrou.
"Este é um nível recorde que, se não agirmos, se multiplicará nas próximas décadas", acrescentou.
O líder socialista anunciou assim que no próximo mês vai também apresentar uma "reforma dos regulamentos" de acolhimento de estrangeiros, visando eliminar "procedimentos burocráticos inúteis" e "facilitar os processos" de acolhimento de migrantes.
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