Lucas S., de 28 anos, compareceu perante o Tribunal Penal de Paris na terça-feira acusado de incitamento à prática de um ato terrorista através de comunicação em linha, bem como de defesa pública de atos terroristas.
Durante a audiência, negou qualquer fidelidade à ideologia nazi, afirmando ser um monárquico e adepto de "atos transgressivos", reconhecendo as infrações e alegando "falta de perspetiva".
A defesa argumentou a favor do "acompanhamento sócio-judicial", insistindo que o tribunal estava a lidar com "alguém que é transgressivo e desviante" mas não um terrorista.
O arguido terá de se submeter a sete anos de vigilância pelas autoridades, não poderá exercer funções públicas nem ter porte de arma durante 10 anos, já que estava a ser julgado também por posse não autorizada de armas e munições, e terá o seu nome na lista dos condenados por terrorismo a pedido do Ministério Público.
Lucas S., antigo membro da "Action Française" (Ação francesa), um movimento monárquico, foi acusado de ter comercializado, entre janeiro de 2019 e dezembro de 2021, através do seu 'website' Biblioteca dissidente, traduções de numerosas obras "legitimando atos terroristas em nome de ideologias de ultra-direita".
Entre elas conta-se "A Grande Substituição", de Breton Tarrant, autor dos atentados que mataram 51 pessoas em Christchurch, na Nova Zelândia, em 2019; "Os Cadernos de Turner", de William Luther Pierce, que inspiraram múltiplos crimes de ódio, e "2083", o manifesto de Anders Behring Breivik, responsável pela morte de 77 pessoas em Oslo, em 2011.
Lucas S. foi também processado por promover a venda destes livros através de "comentários incitadores" no seu 'website', mas também em fóruns de discussão, principalmente no sistema de mensagens Discord.
O homem é conhecido por ter criado o grupo de ultra-direita "Vengeance Patriote", que se apresentava como "uma comunidade de irmãos de armas".
Segundo o jornal online Streetpress, os seus membros trocavam diariamente "piadas racistas" e "alguns dos seus frequentadores nem sequer (escondiam) a sua paixão pelo fascismo".
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