Ex-PM israelita Olmert apela ao fim de diplomacia "hipócrita" europeia

O ex-primeiro-ministro de Israel Ehud Olmert pediu hoje à União Europeia (UE) para abandonar a diplomacia tradicional, amável e hipócrita em relação ao Médio Oriente por ser urgente parar a guerra na região.

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Lusa
10/10/2024 15:18 ‧ 10/10/2024 por Lusa

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Médio Oriente

"Temos de começar a fazer alguma coisa extraordinária e não continuar a atuar da forma diplomática tradicional, educada, comedida, simpática, gentil. Deixemos de ser cavalheiros, isto é uma guerra, temos de a parar e de fazer a paz", disse Ehud Olmert, em Madrid, onde participou numa conferência do Real Instituto Elcano ao lado do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana Nasser al Kidwa.

 

Ehud Olmert e Nasser al Kidwa têm um plano de paz conjunto para o Médio Oriente e ambos defendem que a única solução para a região e para alcançar a paz a longo prazo é a concretização dos dois Estados (Palestina e Israel).

"Somos dois tipos duros. O novo objetivo é servir os nossos dois povos. Não temos de gostar uns dos outros, mas temos de aprender a coexistir. Os nos aniquilamos ou coexistimos", disse Nasser al Kidwa.

Ehud Olmert desafiou os 27 ministros dos Negócios Estrangeiros (MNE) da UE a quebrarem "o protocolo da hipocrisia e da amabilidade diplomática", fazendo uma reunião em Bruxelas em que ele próprio e Nasser al Kidwa apresentariam a sua proposta para o Médio Oriente e à qual a Europa no seu conjunto manifestaria apoio.

"Isto criaria um eco enorme em toda a Europa e na comunidade internacional e depois talvez ajudasse os americanos, os sul-americanos, o sudoeste asiático e outros [a dar um passo]", afirmou.

Ehud Olmert e Nasser al Kidwa concordaram em que, para além da comunidade internacional, os dois lados - israelita e palestiniano - "têm de fazer mais" em prol da coexistência e da paz e que enquanto o primeiro-ministro de Israel for Benjamin Netanyahu não há possibilidades de avanço em qualquer solução.

Ehud Olmert disse que Israel tinha de responder ao ataque de 07 de outubro de 2023 do grupo islamista Hamas, mas considerou que a operação militar de Telavive em Gaza já devia ter parado há muito meses, que são injustificadas tantas baixas de soldados e tantas mortes de civis palestinianos.

Para o primeiro-ministro de Israel entre 2006 e 2009, a continuação da guerra em Gaza acabou também, provavelmente, com qualquer possibilidade de resgatar todos os reféns que o Hamas fez há um ano.

Sobre a guerra no Líbano, para combater a milícia Hezbollah, Ehud Olmert defendeu que a via diplomática é a solução, até para evitar um conflito entre o Irão e Israel, que se transformaria num conflito entre o Irão e os Estados Unidos.

Quanto ao cenário pós-guerra, o antigo primeiro-ministro disse que Israel até pode declarar "vitória total" e dizer que eliminou os ativistas do Hamas ou do Hezbollah, mas considerou que o Governo do país não está preparado para dar as respostas fundamentais sobre o futuro e "pode estar a condenar-se a si próprio".

"Continuará a haver seis milhões de palestinianos. Que faremos? Vamos continuar a ocupar-lhes territórios, a negar-lhes o direito à autodeterminação, os direitos políticos, a liberdade de expressão e de movimentos?", questionou.

"Israel pode estar a condenar-se a si próprio, tudo isto seria intolerável aos olhos da comunidade internacional" e "a liderança israelita não está preparada" para responder a estas questões, disse Ehud Olmert.

Quanto ao lado palestiniano, Nasser al Kidwa disse que há "impotência" parte da Cisjordânia e da Autoridade Palestiniana "e um bando de loucos" (o Hamas) em Gaza, sendo necessária uma mudança completa.

"A situação palestiniana é realmente miserável", disse Nasser al Kidwa, que considerou essencial haver um verdadeiro "maestro palestiniano", que seja a voz da Palestina a nível interno e internacional e que crie as condições para haver também "uma posição árabe comum".

Os dois destacaram ainda o papel fundamental dos Estados Unidos e desejaram que a atual vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris ganhe as eleições presidenciais norte-americanas de novembro.

"Nem quero pensar no que acontecerá se [Donald] Trump ganhar", disse Nasser al Kidwa.

Leia Também: Quatro perguntas e respostas da invasão terrestre de Israel no Líbano

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