Em comunicado, o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, voltou a chamar a atenção para o risco de um acidente nuclear na central, situada no sudeste da Ucrânia, por se encontrar "no centro de uma guerra ativa".
Embora não tenham sido registados danos na central na semana passada, a situação "realça a ameaça persistente" que a central enfrenta, afirmou Grossi.
A equipa de especialistas da agência estacionada em Zaporíjia descobriu esta semana, enquanto monitorizava e avaliava o estado da central, que uma torre de arrefecimento danificada por um incêndio em agosto ainda não tinha sido reparada.
"A central nuclear de Zaporíjia informou a AIEA de que tenciona recorrer ao apoio de empreiteiros externos para determinar a extensão dos danos", diz Grossi.
Por outro lado, a agência nuclear do sistema das Nações Unidas, foi informada dos planos para aumentar o número de operadores na central para um total de 6.000, em vez dos cerca de 5.000 que emprega atualmente.
Segundo a AIEA, os níveis de radioatividade medidos no local da central e na cidade vizinha de Energodar têm estado dentro da norma.
Grossi apelou, até agora sem sucesso, ao estabelecimento de uma zona de segurança não militar em torno da central nuclear, porque, apesar de os seus seis reatores terem sido desligados há muito tempo, continua a enfrentar riscos elevados.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território, e a rejeitar negociar enquanto as forças ucranianas controlem a região russa de Kursk, parcialmente ocupada em agosto.
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