Este valor foi apresentado hoje por responsáveis do setor, que adiantam que a situação é agora "estável".
As cerca de 3.500 fábricas de vestuário do país representam perto de 85% dos 55 mil milhões de dólares (cerca de 50,7 milhões de euros) de exportações anuais do Bangladesh, mas os distúrbios de julho causaram grandes perturbações neste setor-chave da economia.
Mais de 450 pessoas, incluindo 42 agentes da polícia, foram mortas nos tumultos que começaram em julho com protestos contra um sistema de quotas para a função pública e que, após uma violenta repressão policial, se transformaram num movimento contra o Governo então liderado por Sheikh Hasina, que fugiu para a Índia em 05 de agosto, antes de centenas de manifestantes invadirem a sua residência em Daca.
Um Governo provisório, liderado pelo prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, assumiu o poder, mas os protestos persistiram nas fábricas, com os trabalhadores a exigirem emprego e melhores salários.
Em 30 de setembro um operário têxtil foi morto e 30 ficaram feridos num confronto entre a polícia e manifestantes.
Houve "uma mudança drástica de atitude" por parte dos responsáveis das fábricas e do Governo, disse hoje a presidente da Federação dos Trabalhadores Têxteis e Industriais do Bangladesh, Kalpana Akhtar, citada pela AFP.
"As discussões sobre aumentos salariais apenas têm lugar quando os trabalhadores saem à rua", afirmou.
Na sua opinião são necessárias mudanças para "garantir a estabilidade no setor" pois, caso contrário, "o ambiente de calma não vai durar".
O Bangladesh é o segundo maior exportador mundial de vestuário em termos de valor, a seguir à China, sendo fornecedor de conhecidas marcas como a Levi's, Zara e H&M.
"Atualmente o setor está estável, depois de ter atravessado um período difícil", afirmou Khandaker Rafiqul Islam, presidente da Associação dos Fabricantes e Exportadores Têxteis do Bangladesh.
Em declarações aos jornalistas, no sábado, estimou que as perdas ascendem a cerca de 400 milhões de dólares (cerca de 369 milhões e euros) e que o setor ainda precisa de ser protegido pelas forças de segurança.
"Os compradores recuperaram a confiança nas peças de vestuários do Bangladesh, mas a manutenção ininterrupta da lei e da ordem é essencial para assegurar a estabilidade", afirmou.
Leia Também: Estudantes do Bangladesh regressam à universidade após protestos