António Guterres tem estado no centro de várias polémicas. Ao tentar manter uma postura neutra em relação aos vários conflitos mundiais a decorrer, o secretário-geral da ONU acabou por fazer algumas inimizades, entre daqueles que afirmam que ao não tomar posição está a apoiar os atacantes.
Volodymyr Zelensky, que ganhou apoio e popularidade mundial como presidente da Ucrânia após o início da invasão russa, a 24 de fevereiro de 2022, está agora na primeira linha de desentendimentos com o português.
O líder ucraniano não gostou que Guterres marcasse presença em Kazan, no âmbito da cimeira dos BRICS, onde se encontrou com Vladimir Putin.
"Uma coisa surreal", disse Zelensky, acrescentando que "entre o agressor e a vítima não pode haver neutralidade" e que "considera isso um apoio oculto à Rússia".
O ucraniano acusou mesmo Guterres de ser "pró-russia", pese embora os secretário-geral da ONU tenha marcado presença no evento para apelar a "uma paz justa, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e as resoluções da Assembleia Geral" na Ucrânia.
Depois disso, este recusou-se mesmo a receber António Guterres em Kyiv por considerar a presença do secretário-geral da ONU, em Kazan, constitui "uma humilhação".
Zelensky apoia Trump?
Se esta posição já se apresentava como inesperada, novas declarações momentos depois, fizeram levantar o sobrolho em relação à nova posição de Zelensky, desta vez sobre as eleições norte-americanas, na próxima semana.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky frisou na noite de segunda-feira, numa visita em Reiquiavique: "Não ouvi Trump dizer que vai cancelar a ajuda e que não apoiará a Ucrânia. Diz tantas coisas (...) Não tenho a certeza de que Trump, se for eleito, decida não apoiar a Ucrânia".
As afirmações parecem sugerir que este não ficará incomodado caso seja o candidato republicano a vencer as presidenciais norte-americanas, pese embora seja conhecida a relação de proximidade entre o líder russo e o ex-presidente dos EUA.
Note-se que a visita de Zelensky à Islândia enquadra-se na quarta edição da cimeira entre os países nórdicos e a Ucrânia, na qual este apresentou o seu chamado Plano de Vitória, que contou com o apoio dos chefes de governo da Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia e Islândia.
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