Justin Bowen, um dos organizadores do protesto, disse à Lusa ter ficado chocado ao saber que Trump faria um comício na sua universidade, na segunda-feira.
"Não o queremos a incitar violência no nosso campus, não apoiamos as mensagens dele", afirmou o jovem aluno de psicologia do 3º ano, enquanto se aguardava a chegada do ex-Presidente ao polo universitário da principal cidade da Georgia, estado que é um dos "campos de batalha" que poderão decidir as eleições presidenciais de 05 de novembro.
Também em relação à campanha, Bowen mostrou-se insatisfeito, prevendo uma corrida apertada.
"Acho que os democratas não têm feito um trabalho muito bom de oposição a Trump. Ele tem uma base rural forte de eleitores, mas acho que os democratas não fizeram o suficiente nas cidades para cativar os eleitores, por isso [o resultado] continua incerto", apesar da "violência" e "políticas horríveis" contra o aborto ou imigração, afirmou.
Os manifestantes anti-Trump colocaram-se junto ao acesso ao comício, mas sob forte vigilância policial os despiques com os apoiantes do ex-Presidente foram apenas verbais.
Foram sendo entoadas palavras de ordem contra Trump e a favor do aborto e exibidos cartazes da dupla presidencial democrata, Kamala Harris e Tim Walz, ou declarando "racistas fora da presidência", "nenhum ser humano é ilegal" ou apoio a um cessar-fogo na Palestina.
Entre as poucas dezenas de manifestantes estava Isabel, 21 anos, mostrando-se indignada com a presença de Trump, cujos "valores não se alinham com os de Georgia Tech", mas também denotando alguma ansiedade por uma corrida presidencial apertada.
"Mas a participação nos estados mostra que as pessoas estão mobilizadas e querem votar e sabem em quem querem votar. Quem sabe qual será o resultado... mas estamos a fazer tudo o que podemos", disse à Lusa a estudante de políticas públicas.
No interior da arena desportiva de Georgia Tech, cerca de nove mil pessoas participaram na noite de segunda-feira (madrugada de terça-feira em Lisboa) no comício de Donald Trump.
Kimberly quis juntar-se aos "muitos alunos de Georgia Tech que estão a apoiar a democracia", sobretudo para levar as pessoas a "pensar no que vão votar".
"Vão votar no fascismo, em acabar com a democracia, vão votar por acabar com os direitos das mulheres entre outras coisas. O plano económico [de Trump] vai custar-nos muito mais dinheiro, segundo especialistas em economia", disse à Lusa.
O resultado eleitoral dentro de uma semana é "difícil de prever", tendo em conta o papel da desinformação e a "lavagem ao cérebro" de muitos, que decorre "de forma organizada há vários anos".
"Logo, não há muito que se possa mudar. Estamos aqui para falar com pessoas que não se decidiram ainda e querem informação e factos", disse à Lusa.
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