Amnistia Internacional denuncia tortura a iraquianos repatriados

A Amnistia Internacional denunciou hoje casos de "tortura e outros maus-tratos" a iraquianos num campo no norte do Iraque onde estão detidos depois de terem sido repatriados da Síria por suspeita de filiação no grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

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Lusa
29/10/2024 11:48 ‧ há 4 semanas por Lusa

Mundo

Aministia

Num relatório hoje divulgado, a organização de defesa dos direitos humanos conta a história de alguns destes iraquianos torturados, apelando às autoridades para "acabarem imediatamente" com estas práticas e apelando à ONU para que realize "uma investigação".

 

A Amnistia entrevistou sete homens e uma mulher, detidos em 2023 e 2024 no "centro de reintegração al-Jadaa", onde estão detidos iraquianos repatriados do campo sírio de al-Hol.

Sete pessoas sofreram "atos de tortura e outros maus-tratos", referiu a organização, acrescentando que alguns foram "espancados, sujeitos a choques elétricos e obrigados a permanecer em posições dolorosas", adiantou.

Além disso, foram "submersos à força em água" ou deixados com "a cabeça coberta com um saco de plástico" para dificultar a respiração.

Estes tratamentos foram sofridos "durante interrogatórios das forças de segurança iraquianas", referiu a Amnistia Internacional.

"Em todos os casos, as pessoas foram acusadas de filiação no EI [Estado Islâmico], ao abrigo da lei antiterrorismo", avançou a especialista da Amnistia Internacional Nicolette Waldman, citada pela agência de notícias francesa AFP.

Seis dos acusados estão na prisão após condenações proferidas "com base nas suas 'confissões' obtidas sob tortura", lamentou a organização, adiantando não ter autorização para visitar al-Jadaa.

"Bateram-me e algemaram-me as mãos atrás das costas. Bateram-me nas plantas dos pés com um pau. Eu simplesmente dizia 'não' vezes sem conta", contou à Amnistia Internacional um dos iraquianos torturados, que foi preso com o seu filho em 2023, e pediu anonimato.

"Queriam que eu confessasse coisas que não tinha feito", acrescentou.

O Iraque é um dos raros países que repatria regularmente os seus cidadãos de al-Hol, um compromisso saudado tanto pela ONU como pelos Estados Unidos.

A Amnistia recorda que desde 2021, as forças iraquianas detiveram em al-Jadaa cerca de 80 pessoas "sob acusações de filiação no EI".

Embora "algumas das detenções" possam estar a ser feitas "por razões legítimas", há casos em que "as pessoas foram acusadas de ligações ao EI porque um familiar fez parte desse grupo armado", refere a organização.

As "disputas pessoais" podem também levar a "falsas acusações", tendo a Amnistia citado dois casos em que "acusações de pertença ao EI surgiram após disputas internas".

Até setembro passado, o centro de al-Jadaa acolhia cerca de 2.223 pessoas, incluindo 1.318 menores e 627 mulheres, segundo a Amnistia.

Leia Também: Aministia pede a Portugal que retire bandeira a navio com explosivos

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