"Todos a bordo no comboio de Trump", mostra um cartaz gigantesco na montra do espaço, onde os voluntários do grupo Trump Force 47 organizam as suas ações de campanha no condado de Yuma.
"O grupo Trump Force 47 está na rua a bater às portas e à procura dos eleitores de baixa propensão, aqueles que não votaram nas últimas duas eleições", disse à Lusa Bill Regenhardt, um dos voluntários na sede do Partido Republicano do Condado de Yuma. "É uma estratégia chave para nós, de forma a ativar esses eleitores e levá-los a votar".
Regenhardt disse que o escritório do partido, localizado numa parte mais nova da cidade, tem tido um corrupio de eleitores a pedir informação, apoio e cartazes alusivos à campanha de Donald Trump. Inclusive democratas que mudaram a sua filiação para o partido republicano.
"Temos muito mais republicanos registados aqui no condado de Yuma do que democratas, o que é bom", referiu. O partido está confiante na vitória de Trump e dos republicanos nos cargos locais, mas não quer tomar nada como garantido, daí a forte aposta em campanhas de recenseamento e envolvimento com os eleitores.
Em 2020, Yuma votou em Donald Trump, mas a diferença para Joe Biden não foi gigantesca, refletindo a viragem à esquerda do Arizona nesse ano que surpreendeu o candidato republicano.
Agora, para convencer os eleitores a votarem em força no ex-presidente os conservadores apostam no impacto da crise da imigração na fronteira sul e na elevada inflação. Trump leva 1,9 pontos de vantagem sobre Harris no agregado de sondagens da plataforma FiveThirtyEight.
"Estamos muito perto da fronteira com o México, por isso a imigração é o principal tema para nós. E depois, é claro, a economia", explicou Regenhardt.
O que os eleitores de Yuma querem, disse o republicano, é tornar a fronteira mais segura. "Quando veem milhares de imigrantes ilegais a atravessarem a fronteira, as pessoas ficam preocupadas", afirmou. "Estando tão perto, a segurança é uma das preocupações".
Foi isso que disse à Lusa a eleitora republicana Sophia, de 51 anos, que pretende votar presencialmente no dia 05 de novembro e vai usar a caneta para tentar eleger todos os candidatos republicanos no boletim.
"Não quero fronteiras abertas", afirmou. "Quero que entrem legalmente", continuou a cidadã norte-americana, que no passado trabalhou como voluntária na campanha de George W. Bush.
"Gostaria que a fronteira fosse fechada e que quando alguém quer entrar seja primeiro verificado para ver se é bom", salientou, indicando que sem uma política rígida é impossível perceber se quem entra está a trazer drogas ou tem intenções nefastas.
"Sinto que isto é o momento final, ou vamos por um lado ou pelo outro", afirmou ainda, acrescentando que a questão do aborto também influencia a sua decisão de voto. "Não quero abortos e não quero nenhum estado a usar o dinheiro dos impostos para pagar abortos".
Os abortos nos estados onde ainda é legal obtê-los não têm financiamento do governo federal devido à Hyde Amendment de 1977, que proíbe o uso de fundos federais para pagar o procedimento.
Mas é a questão da fronteira que se revela mais importante, de tal forma que a candidata a senadora Kari Lake fez um evento no centro histórico de Yuma na mesma semana que o senador democrata Mark Kelly e a ex-embaixadora nas Nações Unidas Susan Rice. Yuma é um dos símbolos da forma oposta como os dois partidos encaram a questão da imigração.
"Quero ver segurança na fronteira", declarou Lake, culpando o oponente Ruben Gallego e a vice-presidente Kamala Harris por uma alegada política de "fronteiras abertas" que está a gerar problemas com a imigração ilegal.
"Quando o presidente Trump tomar posse, vamos ter segurança na fronteira", continuou. "E eu sei que as pessoas deste país estão prontas", considerou, apelando a que seja completado o muro na fronteira sul e que seja reinstaurada a política de Trump que obrigava os requerentes de asilo a permanecer no México até à data da audiência em tribunal.
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