Parques de estacionamento alagados são agora foco das equipas de resgate
Cinco dias após as inundações no leste de Espanha, as equipas de resgate centram-se nas garagens e parques de estacionamento subterrâneos, que continuam alagados e com carros submersos onde poderão ser encontradas as pessoas dadas como desaparecidas.
© Reuters
Mundo Espanha/Cheias
"Há ainda pisos térreos ou garagens inundados, caves e parques de estacionamento que têm de ser limpos e é previsível que haja pessoas mortas nesses espaços. Quantas? Não se sabe. Por conseguinte, qualquer especulação a este respeito é isso mesmo, pura especulação", disse hoje o ministro dos Transportes, Oscar Puente, que integra o comité de crise criado pelo Governo de Espanha por causa das consequências do temporal que atingiu o país na terça-feira passada.
O ministro explicou, numa publicação na rede social X, que o número de mortos confirmado oficialmente praticamente não aumentou nas últimas 48 horas porque as zonas de superfície, as mais acessíveis, já foram rastreadas quase na totalidade, faltando agora espaços subterrâneos.
Oscar Puente alertou ainda para as notícias e especulações em torno de parques de estacionamento de centros comerciais e outros de grande dimensão, que continuam alagados e onde os mergulhadores das equipas de resgate só agora estão a começar a entrar.
"Desconhece-se neste momento o que se pode encontrar dentro desses espaços", sublinhou o ministro, que apelou a que não haja especulações nem desinformação.
Um dos locais onde hoje estão focadas as atenções é no parque de estacionamento do centro comercial de Bonaire, em Aldaia, nos arredores da cidade de Valência.
Trata-se de uma zona comercial com 5.700 lugares de estacionamento, tanto subterrâneos como ao ar livre.
A área do Bonaire, onde hoje esteve a Lusa, ficou totalmente alagada e o parque de estacionamento exterior permanece cheio de lodo, além de ser visível a destruição causada pelas águas, com mobiliário urbano e ramos a encherem as bermas, depois de terem sido desobstruídas as vias de acesso ao local.
Uma equipa da Unidade Militar de Emergências (UME) das Forças Armadas espanholas, com 50 elementos, está a extrair água e lodo desde quarta-feira do parque de estacionamento subterrâneo, segundo explicou hoje aos jornalistas no local um porta-voz deste grupo de resgate.
Os mergulhadores da UME esperam conseguir entrar no parque na próxima noite para uma avaliação do que está no interior, disse a mesma fonte.
A meio da manhã de hoje, havia ainda água com 1,5 metros de altura no parque, desconhecendo-se quantos carros ou pessoas poderão estar lá dentro.
Sempre segundo o mesmo porta-voz, na noite passada, os militares fizeram uma primeira incursão no interior com um barco, mas a quantidade de água acumulada e de lodo tapavam ainda os carros e não havia visibilidade.
Hoje de manhã, os militares fizeram nova incursão com uma lancha e caiaques e os mergulhadores previam entrar nas águas nas horas seguintes.
O número de mortos nas cheias em Espanha subiu para 217, segundo os balanços mais recentes das autoridades divulgados hoje, que são ainda provisórios.
O temporal e as inundações de terça-feira atingiram sobretudo a região de Valência, onde estão confirmados 213 mortos.
Na região vizinha de Castela La Mancha, as autoridades regionais confirmaram três mortos e há mais uma vítima mortal na Andaluzia, no sul de Espanha, segundo o governo autonómico.
O leste de Espanha foi atingido na terça-feira por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século, disse no sábado o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que reconheceu haver uma "situação trágica" na região de Valência e anunciou o envio de mais 5.000 militares para o terreno e de mais 5.000 elementos das forças de segurança.
Com este reforço, há já mais de 7.000 militares nas zonas afetadas pelas cheias e 10.000 elementos da Polícia Nacional e da Guarda Civil, no maior dispositivo de forças do Estado jamais mobilizado em Espanha em tempos de paz.
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