Após uma campanha tensa, ensombrada por suspeitas de interferência russa, a candidata de 52 anos venceu a segunda volta das eleições com 55,41% dos votos, contra 44,59% do seu adversário, Alexandr Stoianoglo, apoiado pelos socialistas pró-russos.
Este resultado é um alívio para a UE, que iniciou oficialmente as negociações de adesão com o pequeno país de 2,6 milhões de habitantes em junho, tanto mais que o referendo de 20 de outubro, destinado a consagrar o objetivo europeu na Constituição, quase não deu em nada. Acabou por ser aprovado por pouco, mas fez temer o pior.
"Os moldavos mostraram mais uma vez a sua determinação em construir um futuro europeu, apesar das tentativas híbridas de minar a democracia", reagiu o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, na rede social X. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tinha antes transmitido uma mensagem semelhante.
Entre os 27 Estados-Membros, o Presidente francês, Emmanuel Macron, saudou o facto de a "democracia" ter "triunfado sobre todas as interferências e manobras", e o Chanceler alemão, Olaf Scholz, saudou o "rumo europeu" escolhido por Chisinau.
Quanto à vizinha Ucrânia, também candidata à adesão à UE, os moldavos fizeram "uma escolha clara", declarou o seu presidente Volodymyr Zelensky, apelando a "uma Europa pacífica e unida".
O Kremlin, que nega "categoricamente" as alegações de interferência, ainda não reagiu, ao contrário dos socialistas pró-russos na Moldova, que contestaram a legitimidade de Sandu, reeleita na véspera graças aos votos da diáspora.
"Maia Sandu é uma presidente ilegítima, é uma presidente da diáspora, reconhecida apenas pelos seus apoiantes no estrangeiro. O povo moldavo sente-se traído e roubado", afirmou, em comunicado, o partido que apoiou Stoianoglo.
"O Partido Socialista da República da Moldova não reconhece a votação nas assembleias de voto no estrangeiro, através da qual Sandu foi declarada vencedora das eleições", declarou o partido num comunicado publicado no seu portal na Web.
Primeira mulher a ocupar a Presidência moldova, em 2020, Sandu falou de "uma lição de democracia" face ao "ataque sem precedentes" de "forças hostis e criminosas".
Nas últimas semanas, a polícia denunciou inúmeras alegadas "tentativas de desestabilização" por parte de Moscovo, desde a desinformação à compra maciça de votos, ameaças de morte, ciberataques e "transporte organizado" de eleitores.
Mas "é também uma lição de humildade" para Sandu e para os seus apoiantes, analisou o especialista Andrei Curararu, do grupo de reflexão WatchDog, para a AFP, referindo-se à desilusão de alguns com a lentidão das reformas e a recessão económica.
No seu discurso de domingo à noite, a antiga economista do Banco Mundial (BM) dirigiu-se aos que não a escolheram, falando mesmo em russo, a par do romeno, a língua oficial, e prometendo ser "a Presidente de todos".
O país, um dos mais pobres da Europa, está extremamente polarizado, com a diáspora e a capital de um lado, predominantemente a favor da integração na UE, e as zonas rurais e duas regiões, a província separatista da Transnístria e a autónoma Gagauzia, do outro, viradas para a Rússia.
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