Durante a audição parlamentar conjunta nas comissões de Orçamento, Finanças e Administração Pública, dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas e dos Assuntos Europeus, no âmbito do Orçamento do Estado 2025 (OE2025), o deputado do PSD Bruno Ventura questionou o ministro sobre a deslocação de Guterres a Kazan, na Rússia, durante a cimeira dos BRICS (bloco das principais economias emergentes), em finais de outubro, quando este esteve ausente da cimeira da paz, organizada pela Ucrânia, na Suíça, em junho passado.
"Tenho sido um grande defensor do secretário-geral das Nações Unidas", comentou Paulo Rangel, que considerou que o facto de Guterres "não ter ido à conferência de Zurique e depois ir ao encontro dos BRICS é algo que cria problemas".
"Não foi uma fórmula feliz. Estou e estarei ao lado dele, como estive no passado", sustentou o governante, ressalvando que a sua posição "não é uma crítica".
O secretário-geral da ONU, acrescentou, "tem de manter relações com qualquer parte, mesmo com as mais problemáticas, mas há muitas fórmulas de o fazer e de dar sinais".
"Ou se vai a tudo ou então tem de se ter algum critério", destacou.
Ainda durante o debate no parlamento, já em resposta ao deputado socialista João Paulo Rebelo, que denunciou "campanhas de desacreditação das Nações Unidas e do seu secretário-geral", Rangel mencionou ainda: "Acho que [António Guterres] deveria ter ido à cimeira de Zurique? Acho que devia. Preferia que tivesse ido".
"Estou muito à vontade, porque tenho sempre defendido o secretário-geral. [Isto] não é criticá-lo, não é enfraquecê-lo", continuou.
"Não associo nenhuma crítica ao facto de ele ter ido aos BRICS. Era bom que tivesse havido também esse gesto com a Ucrânia", reforçou.
A deslocação de Guterres à Rússia, durante a qual se encontrou com o Presidente russo, Vladimir Putin, motivou críticas de Kiev, que recusou uma visita do líder das Nações Unidas à Ucrânia.
[Notícia atualizada às 18h58]
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