Hamas quer fim de "apoio cego" dos EUA a Israel

Um responsável do grupo islamita palestiniano Hamas defendeu hoje, dia em que Donald Trump reivindicou vitória nas presidenciais norte-americanas, que o "apoio cego" dos Estados Unidos a Israel "tem de acabar".

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© MOHAMMED HUWAIS/AFP via Getty Images

Lusa
06/11/2024 09:58 ‧ 06/11/2024 por Lusa

Mundo

EUA/Eleições

 
"Este apoio cego à entidade sionista tem de acabar porque é feito à custa do futuro do nosso povo e da segurança e estabilidade da região", disse o responsável do gabinete político do Hamas Bassem Naïm, em declarações à agência de notícias francesa AFP.

 

Em comunicado, a organização islamita referiu-se à presumível vitória de Donald Trump, garantindo que, embora seja um assunto que preocupa os cidadãos daquele país, os palestinianos esperam que o novo Presidente norte-americano ponha um fim imediato ao conflito em Gaza.

"A eleição de [Donald] Trump como 47.º Presidente dos Estados Unidos é um assunto privado dos norte-americanos, mas os palestinianos esperam uma cessação imediata da agressão contra o nosso povo, especialmente em Gaza", adiantou Basem Naim no comunicado.

A última presidência de Trump (2017-2021) ficou marcada pelo reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel por parte dos Estados Unidos e pela transferência da embaixada norte-americana de Telavive para esta cidade, que os palestinianos reivindicam como capital de um futuro Estado.

Neste sentido, o Hamas indicou esperar que a Palestina seja reconhecida como Estado "independente e soberano", tendo Jerusalém como capital, e alertou que o apoio total a Israel apenas irá destabilizar a região.

Em 2018, Trump suspendeu a ajuda financeira à agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), diminuiu o financiamento para projetos de desenvolvimento na Cisjordânia e em Gaza e fechou o escritório da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Na terça-feira, Trump garantiu que, se estivesse na Casa Branca, teria usado os seus poderes de negociação para evitar inúmeras crises internacionais, incluindo o ataque surpresa do Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023, que matou 1.200 pessoas apanhando o sistema militar e de segurança israelita desprevenido.

Mais de 240 reféns foram feitos pelo Hamas e outros atacantes, dos quais cerca de 100 permanecem em Gaza, segundo Israel.

"A maioria destes reféns, infelizmente, penso que possivelmente desapareceram", afirmou Donald Trump, acrescentando que se fosse Presidente na altura, o ataque "nunca teria acontecido e todas aquelas pessoas estariam vivas".

Trump já reivindicou a vitória nas eleições, embora os resultados finais ainda não tenham sido confirmados. Segundo projeções da comunicação social norte-americana, o candidato republicano está a três votos eleitorais dos 270 necessários para regressar à Casa Branca.

O ataque de outubro de 2023 a Israel levou o Governo de Telavive a prometer aniquilar o movimento islamita, considerado terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

As investidas de Israel na Faixa de Gaza já mataram cerca de 43 mil pessoas e forçaram quase dois milhões de pessoas a fugir de casa.

Leia Também: Hamas discute situação na Faixa de Gaza com a Fatah por iniciativa do Egito

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