"Não vou entrar em detalhes para não desiludir ninguém. Mas em diversas ocasiões os nossos colegas franceses fizeram apelos através de canais confidenciais: 'vamos ajudar, vamos estabelecer um diálogo sobre a questão ucraniana'. Contudo, sem a Ucrânia", explicou Lavrov, numa altura em que os países ocidentais procuram demonstrar uma frente unida no seu apoio a Kyiv.
"Não recusámos", explicou o chefe da diplomacia russa, assegurando que as autoridades russas estão "prontas para ouvir".
Numa conferência com vários meios de comunicação russos e estrangeiros, Lavrov não indicou quando ocorreram estes alegados contactos, nem exatamente a que assuntos se referiam.
"Tal como recorda a França desde o início da guerra, cabe à Ucrânia, um país atacado, definir o momento e as condições em que quererá iniciar um processo de negociação. Sem os ucranianos, não poderia, em caso algum, ser uma paz duradoura", reconheceu o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.
A hipótese de negociações de paz para pôr fim ao conflito na Ucrânia, desencadeada pelo ataque russo de fevereiro de 2022, é cada vez mais mencionada, menos de um mês antes do regresso do Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, à Casa Branca.
Na semana passada, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou aos ocidentais para se unirem numa cimeira em Bruxelas.
"Só juntos os Estados Unidos e a Europa poderão realmente travar Putin", disse, na altura, Zelensky.
Alguns países europeus, incluindo a França, colocaram a hipótese de enviar tropas para a Ucrânia, de forma a garantir o cumprimento de um possível cessar-fogo.
"[Este tipo de declarações] não nos encoraja a levar a sério o que está a acontecer por iniciativa dos nossos colegas franceses", concluiu Lavrov.
Na mesma conferência, o chefe da diplomacia russa garantiu que a maioria dos países da América Latina têm manifestado interesse em aprofundar os laços com a Rússia.
"Recebemos da grande maioria dos países da América Latina sinais do seu interesse em reforçar e expandir as parcerias com a Rússia", disse Lavrov, acrescentando que Moscovo mantém um diálogo ativo com a América Latina sobre questões políticas, culturais e humanitárias.
Segundo o ministro russo, "as relações entre a Rússia e os países da América Latina e das Caraíbas são tradicionalmente amistosas".
O chefe da diplomacia russa acrescentou que o seu país está disposto a aprofundar os laços com os países da América Latina "na medida em que estes estejam interessados".
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