O comunicado do tribunal responde ao recurso apresentado por dois grupos pró-democracia israelitas, o Movimento para um Governo de qualidade e o Escudo Protetor, no qual requeriam que a demissão fosse considerada ilegal por se dever a "meras considerações políticas".
Hoje de manhã, a procuradora-geral do Estado, Gali Baharav-Miara, pediu ao Supremo que rejeitasse o recurso, argumentando que a decisão de Netanyahu "está em conformidade com a lei" e que, por conseguinte, o tribunal não deveria intervir.
Numa carta, Baharav-Miara disse que Netanyahu tem autoridade para demitir os seus ministros, "inclusive por considerações políticas, se o primeiro-ministro crê que as suas políticas não podem ser promovidas por aqueles que nomeou e que tal medida assegurará o bom funcionamento do Governo".
A procuradora é conhecida por ser abertamente crítica de muitas das políticas do primeiro-ministro, especialmente da sua reforma judicial.
Na terça-feira à noite, Netanyahu anunciou a demissão de Gallant do cargo de ministro da Defesa devido a "divergências profundas" sobre o desenrolar das guerras na Faixa de Gaza e no Líbano e sobre as negociações para o regresso dos reféns mantidos em cativeiro pelo movimento islamita palestiniano Hamas.
À demissão de Gallant seguiram-se protestos em massa em várias cidades de Israel, e a oposição também criticou a medida, considerando-a "insana".
Netanyahu já tinha demitido Gallant do cargo de ministro da Defesa no final de março de 2023, um dia depois de este ter pedido a suspensão da sua reforma judicial, perante as divisões sociais que estava a gerar, para logo o reintegrar no Governo, devido à pressão popular.
Gallant despediu-se hoje do cargo agradecendo o "extraordinário apoio" dos Estados Unidos na ofensiva israelita contra Gaza, numa conversa telefónica com o homólogo norte-americano, Lloyd Austin.
"Obrigado ao secretário Austin e ao Governo dos Estados Unidos pelo seu extraordinário apoio durante o pior momento de Israel", disse Gallant, referindo-se ao ataque do Hamas a Israel, a 07 de outubro de 2023, que fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 sequestrados, e à guerra israelita na Faixa de Gaza, que matou 43.469 palestinianos e feriu 102.561.
Desde o início da ofensiva, os Estados Unidos, principal aliado de Israel, gastaram entre 17,9 mil milhões e 22 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões e 20,3 mil milhões de euros) em ajuda militar, de acordo com várias fontes.
"Expressei o meu profundo agradecimento ao secretário pela sua cooperação e pelo seu profundo empenho na cooperação em matéria de defesa entre os nossos países e na segurança do Estado de Israel", escreveu Yoav Gallant na sua conta da rede social X (antigo Twitter).
Segundo Gallant, cuja demissão hoje entrou em vigor, os laços entre os dois Estados são "fundamentais para a segurança e a prosperidade do Estado de Israel e do povo judeu".
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