Netanyahu associa incidentes de Amesterdão a processos judiciais em Haia

O primeiro-ministro israelita relacionou os incidentes de quinta-feira em Amesterdão com as queixas contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça por genocídio na Faixa de Gaza e com a investigação do Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra.

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Lusa
10/11/2024 16:56 ‧ há 2 semanas por Lusa

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Médio Oriente

"Uma linha clara liga os ataques antissemitas contra Israel ocorridos recentemente em solo neerlandês: o ataque legal criminal contra Israel no tribunal internacional de Haia e o violento ataque criminoso contra cidadãos israelitas nas ruas de Amesterdão", afirmou Benjamin Netanyahu num vídeo publicado nas redes sociais.

 

Os confrontos registados na quinta-feira em Amesterdão, à margem de um jogo de futebol, da Liga Europa, entre o Ajax dos Países Baixos e o clube israelita Maccabi Tel Aviv, têm provocado críticas e indignação e, segundo as autoridades, cerca de 60 pessoas foram detidas durante a madrugada de quinta para sexta-feira devido aos incidentes, que provocaram pelo menos dez feridos, tendo cinco adeptos israelitas sido hospitalizados.

Para o jogo de futebol de quinta-feira foram destacados cerca de 800 agentes da polícia.

Na quarta-feira à noite, véspera do jogo, registaram-se incidentes entre apoiantes das duas equipas, com a polícia local a informar que adeptos do Maccabi retiraram uma bandeira de um edifício, destruíram um táxi e incendiaram uma bandeira palestiniana na Dam, a principal praça de Amesterdão.

Na quinta-feira, foi alterado o local, por razões de segurança, de uma manifestação pró-palestiniana para condenar a visita do clube israelita, prevista inicialmente para junto do estádio.

À noite foram registados violentos incidentes contra adeptos do Maccabi em vários pontos da cidade, como na Praça Dam, que obrigou a polícia a intervir.

Na mensagem hoje divulgada, Netanyahu associada os incidentes às queixas contra Israel apresentadas no Tribunal Internacional de Justiça, organização das Nações Unidas com sede em Haia, Países Baixos, e pela investigação por crimes de guerra e contra a humanidade desencadeada pelo Tribunal Penal Internacional, também com sede em Haia.

Para Netanyahu, "em ambos os casos há um perigoso antissemitismo que pretende deixar indefesos os judeus e o seu país", para negar a Israel "o direito a defender-se, negar aos seus cidadãos o direito à vida".

"Aprendemos algo com a História: os ataques desenfreados que começam com os judeus nunca acabam com os judeus", alertou, antes de instar todos os governos a atuar decisivamente contra o antissemitismo.

"De qualquer forma, vamos fazer o que for necessário para nos protegermos a nós mesmos e aos nossos cidadãos. Jamais permitiremos que se repitam os horrores da História. Jamais nos renderemos, nem perante o antissemitismo nem perante o terrorismo", frisou.

Vários líderes internacionais manifestaram choque e consternação com os acontecimentos em Amesterdão, entre os quais o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, este último criticando o "antissemitismo e o fanatismo anti-muçulmano".

A polícia neerlandesa estima que cerca de 2.600 adeptos do clube israelita se tenham deslocado a Amesterdão para assistir ao jogo.

Os adeptos israelitas, que se envolveram em confrontos com manifestantes pró-Palestina, depois de arrancarem uma bandeira palestiniana de uma fachada, e de queimarem uma bandeira palestiniana na praça Dam, também andaram pelas ruas a gritar cânticos como "morte aos árabes", "deixem as IDF (Forças de Defesa de Israel) ganhar, que se lixem os árabes" ou "já não há escolas em Gaza porque já não há crianças", segundo vários vídeos que circulam nas redes sociais.

O ataque sem precedentes do Hamas, em 07 de outubro, no sul de Israel, resultou na morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas, incluindo reféns mortos. Nesse dia, 251 pessoas ficaram reféns.

No total, 97 continuam reféns em Gaza, incluindo 34 declarados mortos pelo exército.

A ofensiva israelita lançada em retaliação na Faixa de Gaza fez 43.552 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, e provocou um desastre humanitário.

Leia Também: Polícia detém manifestantes pró-Palestina em Amesterdão

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