Líder de extrema-direita neerlandês culpa "marroquinos" por violência

O líder nacionalista neerlandês Geert Wilders atribuiu hoje a "marroquinos" os ataques a adeptos de futebol israelitas em Amesterdão, afirmando que "querem destruir os judeus", e recomendou que sejam acusados por terrorismo e deportados se tiverem dupla nacionalidade.

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Lusa
13/11/2024 19:52 ‧ 13/11/2024 por Lusa

Mundo

Amesterdão

Num aceso debate no parlamento dos Países Baixos sobre os graves distúrbios na semana passada antes e depois de um jogo de futebol, entre o Ajax de Amesterdão e o Maccabi de Telavive, Geert Wilders disse que os autores da violência contra os apoiantes israelitas eram "todos muçulmanos".

 

O político populista de extrema-direita, cujo partido anti-imigração ganhou as eleições no ano passado e faz agora parte de um governo de coligação, afirmou que, na noite em que se assinalava a Noite de Cristal, o 'pogrom' antijudaico de 1938 na Alemanha nazi, houve "muçulmanos a caçar judeus nas ruas de Amesterdão" e culpou "os marroquinos que querem destruir os judeus".

A polícia e os procuradores do Ministério Público não divulgaram, porém, as identidades de nenhum dos suspeitos detidos, em linha com as regras de privacidade no país.

No debate, Wilders, conhecido pela sua retórica anti-Islão, defendeu o cancelamento dos passaportes neerlandeses das pessoas condenadas por envolvimento na violência, caso tenham dupla nacionalidade, e respetiva deportação.

Os autores da violência devem responder por terrorismo, sustentou ainda Wilders, gerando revolta de deputados da oposição, que o acusaram de "atirar mais achas para a fogueira".

Embora condenassem unanimemente a violência, vários partidos apelaram para o "diálogo com a comunidade muçulmana" em vez de "dividir o país", nas palavras de Frans Timmermans, líder da oposição de esquerda.

Na noite de 07 para 08 de novembro, após um jogo da Liga Europa entre o Ajax de Amesterdão e a equipa israelita Maccabi Telavive, os adeptos visitantes foram perseguidos e espancados nas ruas da cidade.

As autoridades informaram que cinco pessoas foram hospitalizadas.

Estes ataques, descritos como antissemitas pelas autoridades neerlandesas e israelitas, suscitaram grande indignação em várias capitais ocidentais.

Incidentes isolados surgiram antes da partida, incluindo cânticos antiárabes entoados pelos adeptos do Maccabi, que também rasgaram bandeiras palestinianas e agrediram um taxista.

A violência ocorreu num contexto de polarização na Europa, com um aumento de atos antissemitas, anti-israelitas e islamofóbicos desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro neerlandês, Dick Schoof, disse que o seu governo vai apresentar planos concretos na sexta-feira para combater o antissemitismo, acrescentando que há um "problema de integração" no seu país.

O Ministério Público indicou hoje que oito pessoas ainda estavam detidas devido à violência na semana passada em Amesterdão.

Leia Também: Biden denuncia ataques "antissemitas" e "desprezíveis" em Amesterdão

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