"O governo acredita que não é apropriado abolir [a pena de morte]. A pena de morte é inevitável para uma pessoa que cometeu um crime extremamente grave e atroz", disse hoje o porta-voz, Yoshimasa Hayashi, na conferência de imprensa após a reunião do Conselho de Ministros.
Na quarta-feira, um painel 16 especialistas, incluindo antigos procuradores, agentes policiais e académicos, propôs ao governo e à Dieta (Parlamento Japonês) a criação de um órgão para discutir se a pena de morte deveria ser mantida.
Os peritos, subordinados ao secretariado da Federação Japonesa das Ordens de Advogados, apelaram ao fim da pena de morte devido à "tendência internacional" de abolição da referida pena.
O relatório deste painel de especialistas, criado em fevereiro, lembrou a história do japonês Iwao Hakamada, o prisioneiro que passou mais tempo no corredor da morte, num total de 47 anos, e que foi absolvido este ano depois de, numa repetição do seu julgamento, ter sido declarado inocente sobre a falsificação de provas.
"Quando ocorre um erro, leva muito tempo para corrigi-lo", lê-se no relatório do grupo de especialistas.
O Japão e os Estados Unidos são os únicos do Grupo dos Sete países mais desenvolvidos (G7) que têm penas de morte.
A União Europeia proíbe a adesão aos Estados onde esta pena está em vigor.
A organização de direitos humanos Amnistia Internacional tem pedido a Tóquio para rever esta pena.
Já a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou um protocolo opcional destinado a abolir a pena de morte em dezembro de 1989, que o Japão não assinou.
A última execução realizada no país asiático ocorreu em 26 de julho de 2022, quando o então ministro da Justiça, Yoshihisa Furukawa, ordenou o enforcamento de Tomohiro Kato, de 39 anos, responsável por um massacre em 2008 no distrito de Akihabara, em Tóquio.
A referida execução ocorreu com a atual formação governante, o Partido Liberal Democrático (LDP) no poder, à semelhança das 24 anteriores, ocorrida entre 2012 e 2018, com Sadakazu Tanigaki e, posteriormente, Yoko Kamikawa como ministros da Justiça.
Os resultados de uma pesquisa promovida pelo executivo japonês em 2019 sobre o apoio popular à pena de morte no país asiático refletem que 9% da população japonesa acredita que esta "deveria ser abolida", enquanto 80,8% considera "inevitável" que se apliquem este tipo de condenações.
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