Kremlin acusa EUA de "atear fogo" com decisão sobre o uso de mísseis

Moscovo reagiu esta manhã à decisão de Joe Biden de autorizar a Ucrânia a atacar o interior da Rússia com mísseis de longo alcance norte-americanos.

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Tomásia Sousa com Lusa
18/11/2024 10:07 ‧ há 5 semanas por Tomásia Sousa com Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

A Rússia afirmou, esta segunda-feira, que o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, inflamará ainda mais a tensão na Ucrânia ao permitir que Kyiv use mísseis de longo alcance para ataques dentro da Rússia.

 

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse ter visto relatos na comunicação social de que Biden autorizou os ataques, o que uma autoridade dos EUA confirmou à AFP, e que "é óbvio que o governo cessante em Washington pretende tomar medidas para continuar a atear fogo e a provocar uma maior escalada das tensões".

Dmitry Peskov acrescentou ainda que tal medida daria início a uma nova ronda de tensões e aprofundaria o envolvimento dos EUA na guerra.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou, este domingo, a Ucrânia a atacar o interior da Rússia com mísseis de longo alcance norte-americanos.

Em causa está o uso dos mísseis ATACMS com um alcance de cerca de 300 quilómetros, que poderão ser utilizados contra as tropas russas e norte-coreanas na região de Kursk, no oeste da Rússia.

O Presidente russo, Vladimir Putin, avisou em setembro que essa autorização ocidental "significaria nada menos do que o envolvimento direto dos países da NATO na guerra na Ucrânia".

A decisão de Washington foi anunciada no domingo pelos meios de comunicação social norte-americanos e confirmada à AFP por um funcionário dos Estados Unidos.

A decisão foi conhecida após mais um fim de semana de ataques russos maciços e mortíferos contra a Ucrânia e apenas algumas semanas antes da transferência de poder entre o Presidente cessante e Donald Trump.

Citando Putin, o porta-voz do Kremlin avisou que os ataques em território russo "não serão efetuados pela Ucrânia, mas pelos países que dão a sua autorização".

Referiu que as coordenadas dos alvos "não são fornecidas pelos militares ucranianos, mas por especialistas desses países ocidentais", o que "muda radicalmente a natureza" do seu envolvimento no conflito.

"É óbvio que a administração cessante em Washington pretende tomar medidas para continuar a deitar achas para a fogueira e provocar um novo aumento das tensões", afirmou Peskov.

A administração de Biden tem sido o principal apoiante de Kyiv, permitindo às forças ucranianas resistir às tropas russas desde que Putin ordenou o ataque contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.

A continuidade do apoio de Washington foi posta em causa com a eleição para a presidência de Trump, cujas declarações de campanha levaram a Ucrânia a recear que pretenda forçar o fim dos combates à custa de concessões inaceitáveis para Kyiv.

Moscovo, cujas tropas avançam há vários meses em vários segmentos da linha da frente, avisou que qualquer conversa sobre o fim dos combates só poderá basear-se nas "novas realidades territoriais".

Desde o início da guerra, a Rússia declarou como anexadas ao seu território as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, depois de ter feito o mesmo à Crimeia em 2014.

A Ucrânia exige a retirada das tropas russas de todo o seu território, incluindo as cinco regiões anexadas pela Rússia.

Leia Também: Legisladores russos reagem a decisão de Biden: "Passo para a III Guerra"

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