AIEA afirma que instalações iranianas visadas por Israel não são nucleares

A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) considerou hoje que o centro de investigação de Parchin, no Irão, não é "uma instalação nuclear", após Israel ter afirmado que "o programa nuclear iraniano foi afetado".

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Lusa
20/11/2024 15:02:29 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"No que diz respeito à AIEA, não consideramos que se trate de uma instalação nuclear", declarou o diretor-geral do organismo da ONU, Rafael Grossi, aos jornalistas.

 

"Não temos qualquer informação que confirme a presença de material nuclear no local", acrescentou.

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu afirmou que os ataques aéreos israelitas contra o Irão, no final de outubro, haviam atingido "um elemento do programa nuclear da República Islâmica".

Israel acusa o Irão, que o nega, de querer adquirir uma bomba atómica e afirma que está a fazer tudo o que está ao seu alcance para o impedir de o fazer.

O Estado judaico é considerado pelos especialistas como a única potência nuclear do Médio Oriente, mas nunca confirmou ou negou a sua capacidade de utilizar o átomo para fins militares.

Rafael Grossi, congratulou-se com o compromisso "concreto" assumido hoje pelo Irão, que introduziu medidas para travar o aumento das suas reservas de urânio altamente enriquecido.

"Penso que se trata de um passo concreto na direção certa", "pela primeira vez", disse Grossi aos jornalistas no primeiro dia da reunião do Conselho de Governadores da AIEA, em Viena.

Teerão começou "a implementar medidas preparatórias destinadas a travar o aumento das suas reservas de urânio enriquecido para 60%", próximo do nível de uso militar de 90%, nas instalações nucleares de Natanz e Fordo, disse a AIEA.

Teerão nega ter ambições militares e defende o seu direito à energia nuclear para fins civis, nomeadamente energéticos, mas o Ocidente argumenta que não existe uma justificação civil credível para a escala das ambições atómicas iranianas.

Contudo, a AIEA mostrou-se preocupada com o facto de o Irão prosseguir o programa de produção de urânio altamente enriquecido e recorda que se trata do "único Estado não detentor de armas nucleares a fazê-lo".

Apesar deste compromisso, Paris, Berlim e Londres, em associação com Washington, submeteram uma resolução ao Conselho a condenar a falta de cooperação do Irão, com vista a uma possível votação na quinta-feira, de acordo com diplomatas entrevistados pela agência noticiosa francesa AFP.

No projeto de resolução, consultado pela AFP, os países proponentes reafirmam ser "essencial e urgente" que o Irão forneça "respostas técnicas credíveis" relativamente à presença de vestígios de urânio em dois locais não declarados perto de Teerão, Turquzabad e Varamin.

Caso a resolução seja adotada, o Governo iraniano já alertou que reagirá "em conformidade e de forma apropriada".

A produção de urânio purificado viola o acordo assinado em 2015 com seis potências mundiais (Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia) para reduzir o programa nuclear do Irão em troca do levantamento de determinadas sanções.

A República Islâmica começou a violar o acordo em 2019, em resposta à saída dos Estados Unidos do acordo no ano anterior, durante o primeiro mandato presidencial de Donald Trump (2017-2021).

Embora Grossi tenha reconhecido que "ainda há muito a fazer" para melhorar a cooperação após anos de tensões, considerou "importante o facto de, pela primeira vez, o Irão estar a tomar uma direção diferente (...) e dizer 'OK, vamos parar'".

Leia Também: AIEA congratula-se com compromisso concreto iraniano sobre progama nuclear

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