O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de captura, esta quinta-feira, contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant, acusando-os de crimes de guerra e contra a humanidade, na sequência do conflito em Gaza, revela a Associated Press (AP).
A decisão coloca-os numa posição de "suspeitos procurados internacionalmente", o que os pode deixar ainda mais isolados e "complicar os esforços para negociar um cessar-fogo para encerrar o conflito que dura há 13 meses".
"O tribunal emitiu mandados de captura contra dois indivíduos, o senhor Benjamin Netanyahu e o senhor Yoav Gallant, por crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos pelo menos desde 8 de outubro de 2023 e até pelo menos 20 de maio de 2024, dia em que o Ministério Público apresentou os pedidos de mandados de detenção", indicou o TPI em comunicado.
Num outro comunicado, o Tribunal anunciou ainda um mandado de captura contra Mohammed Deif, o líder das forças militares do movimento islamita Hamas.
Os mandados judiciais foram classificados como "secretos", de forma a proteger as testemunhas e garantir que as investigações possam ser conduzidas, de acordo com o comunicado, que ressalva que o tribunal "considera que é do interesse das vítimas e dos seus familiares que sejam informados da existência dos mandados".
O procurador do TPI Karim Khan pediu, em maio, ao tribunal que emitisse mandados de captura para Netanyahu e Gallant (que foi demitido no início de novembro pelo primeiro-ministro israelita), alegando crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.
Khan solicitou ainda mandados de detenção para altos dirigentes do Hamas, incluindo Mohammed Deif, por suspeita de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Segundo Israel, Deif foi morto num ataque a 13 de julho no sul de Gaza, embora o Hamas negue a sua morte.
O Ministério da Saúde em Gaza atualizou hoje o número de mortos para 44.056, em território palestiniano, desde o início da guerra com Israel, há mais de um ano.
Pelo menos 71 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas, disse o Ministério, num comunicado, acrescentando que 104.268 pessoas ficaram feridas na Faixa de Gaza desde o início da guerra, desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023.
Lembra a AP que as implicações práticas destes mandados de prisão podem ser "limitadas", uma vez que nem Israel nem o seu principal aliado, os EUA, são membros do TPI.
Netanyahu já condenou o pedido do TPI, acusando o procurador que o assina, Karim Khan, de "vergonhoso e antissemita". O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita disse que o TPI emitiu "ordens absurdas sem ter autoridades para o fazer".
O TPI "comportou-se como um brinquedo político ao serviço dos elementos mais extremistas que trabalham para minar a segurança e a estabilidade no Médio Oriente", acrescentou Saar.
Também o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, da extrema-direita, reagiu à decisão do TPI, que qualificou como "uma vergonha sem precedentes".
"O Tribunal Penal Internacional de Haia prova mais uma vez que é antissemita até ao tutano", afirmou Ben Gvir nas redes sociais.
O presidente dos EUA, Joe Biden, também já criticou o procurador e reiterou que Israel tem o direito de se defender contra o Hamas.
O Hamas também já criticou o pedido de captura do seu líder.
"A justiça internacional está connosco"
A decisão do TPI foi saudada pelo grupo extremista palestiniano Hamas, que está em guerra com Israel na Faixa de Gaza desde outubro de 2023.
"A justiça internacional está connosco contra a entidade sionista", afirmou o Hamas num comunicado citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
Izzat al-Rishq, membro do gabinete político do Hamas, disse que a decisão do TPI expõe "a verdadeira face terrorista" de Israel em benefício dos palestinianos, cuja causa e objetivo de libertação "são inevitáveis".
O procurador do TPI Karim Khan pediu, em maio, ao tribunal que emitisse mandados de captura para Netanyahu e Gallant (que foi demitido no início de novembro), alegando crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.
Khan solicitou ainda mandados de detenção para altos dirigentes do Hamas, incluindo Mohammed Deif, por suspeita de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Segundo Israel, Deif foi morto num ataque a 13 de julho no sul de Gaza, embora o Hamas negue a sua morte.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita em 7 de outubro de 2023, que causou mais de 1.200 mortos e 250 reféns, segundo Israel.
O exército israelita respondeu no dia seguinte com uma ofensiva em Gaza que matou, desde então, mais de 44.000 pessoas, de acordo com as autoridades do enclave governado pelo Hamas desde 2007.
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