O Fianna Fáil elegeu 48 deputados e o Fine Gael 38 entre os 174 assentos parlamentares, acabados de preencher na segunda-feira à noite, após três dias de contagem dos boletins desde as eleições legislativas de sexta-feira.
Os dois partidos, que governaram juntos nos quatro anos anteriores, ficaram apenas dois aquém dos 88 deputados necessários para alcançar uma maioria parlamentar sem o apoio de terceiros.
"O povo falou, vamos agora continuar com o trabalho", afirmou na segunda-feira o líder do Fianna Fáil, Micheál Martin, que recusou comentar os termos de negociação de uma nova coligação.
Embora o partido de centro-esquerda Sinn Féin tenha ficado em segundo lugar, com 39 lugares no 'Dáil', a câmara baixa do parlamento, é pouco provável que venha a fazer parte do próximo Executivo.
Tanto o Fine Gael como o Fianna Fáil recusam-se a trabalhar com o Sinn Féin, em parte devido aos seus laços históricos com o grupo paramilitar Exército Republicano Irlandês (IRA na sigla inglesa) durante três décadas de violência na Irlanda do Norte.
Rivais de longa data, com origens em lados opostos da guerra civil irlandesa dos anos 1920, o Fianna Fáil e o Fine Gael formaram uma coligação depois de as eleições de 2020 terem terminado praticamente num empate.
Os dois partidos ocuparam alternadamente o cargo de primeiro-ministro, durante cerca de dois anos cada um. Desta vez, o facto de o Fianna Fáil ter mais lugares faz pressupor que o Micheál Martin se torne primeiro-ministro, ou 'taoiseach', em vez de Simon Harris do Fine Gael.
O parlamento irlandês vai reunir-se pela primeira vez em 18 de dezembro, mas é improvável que um novo governo seja formado até lá.
O vice-líder do Fianna Fáil, Jack Chambers, avisou que as conversações sobre a coligação exigiriam "tempo e espaço" e que é pouco provável que seja formado um novo governo antes do Natal.
Apesar de continuarem a dominar a política irlandesa há um século, a quota de votos combinada do Fianna Fail e do Fine Gael diminuiu para pouco mais de 40%.
Para garantir uma maioria no parlamento terão de recorrer aos sociais-democratas ou ao Partido Trabalhista Irlandês, que aumentaram os seus lugares para 11 cada um, ou a vários dos 16 deputados independentes eleitos.
O partido dos Verdes, que faz parte do anterior governo, pelo contrário, viu reduzida o seu grupo de 12 deputados a apenas um lugar no 'Dáil'.
O partido PBP-Solidariedade ganhou três assentos, o Aontú dois, o partido Irlanda Independente quatro, e o Partido 100% Redress obteve um lugar.
O aumento do custo de vida, que se reflete na dificuldade no acesso à habitação e no aumento dos sem-abrigo, e a imigração foram alguns dos temas dominantes das eleições legislativas.
Um esfaqueamento de crianças à porta de uma escola de Dublin, há pouco mais de um ano, pelo qual um argelino foi acusado, provocou os piores tumultos registados na Irlanda em décadas.
Todavia, apesar de bastante atenção dada à imigração, os partidos e candidatos independentes anti-imigração tiveram um desempenho pouco relevante.
O parlamento irlandês vai reunir-se pela primeira vez em 18 de dezembro.
Leia Também: Partidos de centro-direita na Irlanda a caminho de se manterem no poder