"Não vamos permitir que a organização terrorista YPG/PKK [Unidades de Proteção Popular/Partido dos Trabalhadores do Curdistão], que representa uma ameaça séria à integridade territorial e à soberania da Síria e à segurança da região, tire partido da instabilidade", afirmou hoje o porta-voz do Ministério da Defesa turco, Zeki Akturk, durante uma conferência de imprensa.
Zeki Akturk realçou que as autoridades turcas vão continuar "a sua luta contra as organizações terroristas na região" e disse que Ancara, a capital turca, "cumpre os acordos nas zonas operacionais no norte da Síria".
O porta-voz do Ministério da Defesa acrescentou que espera que os restantes atores "façam o mesmo".
"Tem havido uma cooperação e coordenação com os nossos interlocutores na região desde o início do processo", disse, referindo-se à Rússia e ao Irão, aliados da Síria, ao mesmo tempo que argumentou que a ofensiva 'jihadista' (forma de terrorismo religioso cometido por extremistas islâmicos) decorre devido a "problemas há muito não resolvidos".
A Turquia, que apoia vários grupos rebeldes armados que operam na Síria, lançou no passado operações militares em território sírio contra as YPG, principal elemento das Forças Democráticas Sírias (FDS),
As declarações de Akturk surgem um dia após as FDS, apoiadas pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos contra o grupo terrorista Estado Islâmico, terem confirmado que mataram "vários mercenários apoiados pela ocupação turca" em confrontos em Manbij e Deif Hafer, face à ofensiva lançada por estas organizações contra zonas geridas pelos curdos no norte e nordeste da Síria.
"As nossas forças permanecem firmes no seu compromisso de proteger o povo destas regiões das violações e crimes cometidos pelos mercenários e reafirmamos a nossa disponibilidade para enfrentar todos os ataques terroristas", comunicaram as FDS em comunicado.
As FDS também anunciaram na terça-feira que assumiram o controlo de sete localidades na localidade de Deir Ezzor, no leste da Síria, anteriormente controlada pelo governo "face ao risco crescente de o Estado Islâmico explorar os desenvolvimentos no oeste do país", sem que Damasco, capital síria, tenha comentado a mudança no terreno.
A coligação dominada por unidades curdas tem afirmado que esta ofensiva é alegadamente orquestrada pela Turquia com o objetivo de "ocupar todo o território sírio". A ofensiva, liderada pelos extremistas do Hayat Tahrir al Sham (HTS), causou até ao momento mais de 700 mortos, incluindo cerca de 110 civis, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Esta ofensiva é a primeira de grande dimensão desde que os presidentes turco e russo, Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin, respetivamente, acordaram em 2020 um cessar-fogo após meses de combates em solo sírio.
Leia Também: Grupos rebeldes cercaram cidade de Hama na Síria "por três lados"