UE encara queda de regime na Síria como "momento histórico"

A União Europeia (UE) considerou hoje que a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria é um "momento histórico" para a população síria, apelando ao respeito pela soberania e independência do país e à rejeição de "quaisquer extremismos".

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© REUTERS/Yves Herman

Lusa
09/12/2024 13:22 ‧ 09/12/2024 por Lusa

Mundo

Kaja Kallas

Em comunicado, a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas (ex-primeira-ministra da Estónia), disse que a "queda do regime criminoso de Bashar al-Assad representa um momento histórico para a população síria, que aguentou imenso sofrimento e demonstrou uma resiliência extraordinária na sua luta pela dignidade, liberdade e justiça".

 

"Os nossos sentimentos estão com as vítimas do regime de Bashar al-Assad e com as baixas do conflito sírio. Todos os sírios deviam ter agora a oportunidade de conhecer a verdade e o destino dos seus entes queridos", acrescentou a chefe da diplomacia europeia.

Face a um "futuro incerto", Kaja Kallas considerou que "é crucial preservar a integridade territorial da Síria e respeitar a independência, soberania e as instituições estatais".

A Alta Representante pediu também que se rejeite "quaisquer extremismos", aludindo à presença no território sírio, mas também na região circundante, do grupo extremista Estado Islâmico.

No comunicado divulgado, a chefe da diplomacia do bloco comunitário exortou ainda à contenção "para assegurar a proteção" da população e ao respeito pela lei internacional e lei humanitária internacional, assim como ao respeito pela liberdade religiosa, pelas representações diplomáticas em Damasco, capital da Síria, e pela "herança cultural e religiosa rica".

"Neste período crítico, a União Europeia está com a população da Síria e vai continuar em contacto com os parceiros essenciais na região e internacionais", finalizou Kaja Kallas.

A Hayat Tahrir al-Sham (HST), ou Organização de Libertação do Levante, que liderou os rebeldes que derrubaram Bashar al-Assad no fim de semana, prometeu, nos primeiros comunicados, tolerância para com as diferentes seitas e credos do país.

A HTS, que tomou o controlo das principais cidades sírias e declarou Damasco livre no domingo, após uma ofensiva que durou apenas 12 dias, é a herdeira da Frente al-Nusra, uma antiga filial da Al-Qaida na Síria.

A coligação liderada pela HTS integra atualmente uma variedade de fações rebeldes, incluindo os pró-turcos.

Após a tomada do poder na Síria, a HST divulgou vários comunicados em que se comprometeu a tolerar os seguidores de diferentes seitas e credos no país e avisou os seus membros para evitarem maltratar ou atacar civis.

Bashar al-Assad, que esteve no poder 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde.

A presidência russa (Kremlin) confirmou hoje que o Presidente Vladimir Putin concedeu asilo na Rússia ao ex-presidente sírio Bashar al-Assad e família.

Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes expressou satisfação por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.

No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.

Leia Também: Síria? "Fundamental que diferentes forças possam dialogar para construir"

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