Líder rebelde e ex-PM coordenam "transição de poder" na Síria

O líder dos rebeldes sírios, Abu Mohammed al-Jolani, discutiu hoje com o ex-primeiro-ministro Mohammed al-Jalali uma "coordenação da transição de poder", anunciou o movimento que derrubou o Presidente Bashar al-Assad.

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Lusa
09/12/2024 17:28 ‧ 09/12/2024 por Lusa

Mundo

Síria

Al-Jolani - que passou a usar o seu verdadeiro nome, Ahmad al-Chareh - conversou com al-Jalali "para coordenar uma transição de poder garantindo a prestação de serviços" à população síria, afirmaram os rebeldes, num comunicado acompanhado de um breve vídeo da conversa.

 

Também esteve presente no encontro o primeiro-ministro que lidera o "Governo de Salvação" do bastião dos rebeldes do Organismo de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS), no noroeste da Síria.

Antes, o movimento encarregou Mohamed al-Bashir, o líder do "Governo de Salvação" - a administração de fato na província síria do norte de Idlib controlada pelo HTS - de formar um Governo de transição, noticiou a televisão síria, dirigida agora pela oposição.

O Governo de Salvação é uma espécie de ramo político e civil criado em Idlib, província no noroeste da Síria e bastião opositor.

Segundo a televisão síria, a reunião entre os líderes rebeles e o ex-primeiro-ministro destinou-se a evitar que o país entre num estado de "caos" após a queda do regime.

No vídeo da reunião divulgado pelo HTS, o líder rebelde al-Jolani assegurou que, apesar de a região de Idlib, onde tinha a sua autoridade de facto, ser pequena e sem recursos, os responsáveis pela sua administração conseguiram acumular experiência e sucessos.

Além disso, precisou que não vai prescindir dos funcionários qualificados do regime deposto.

Al-Jolani é um ex-dirigente da al-Qaeda que cortou laços com este grupo extremista há anos e prometeu um governo representativo e tolerância religiosa.

No domingo, o presidente do principal órgão político da oposição síria no exílio, a Coligação Nacional Síria (CNFROS), Hadi al-Bahra, afirmou à EFE que existe um acordo após a queda de al-Assad, de que o governo de transição será "civil", não do islamista HTS ou do Governo de Salvação.

Al-Bahra explicou que entre a coligação opositora há um conjunto de normas "para garantir que não haja extremismo no terreno, nem má conduta, nem violação dos direitos humanos", algo que assegurou que "até agora está a funcionar muito bem", apesar de ainda não ter-se reunido com o líder da HTS.

O HTS, após sua tomada de poder na Síria, lançou vários comunicados nos quais prometeu tolerância em relação aos seguidores de diferentes igrejas e confissões no país, e advertiu os seus membros de que devem evitar maus-tratos ou agressões aos civis.

Segundo a AP, muitos funcionários públicos não retomaram funções, e um responsável das Nações Unidas alertou que o setor público do país está paralisado, causando problemas em aeroportos e fronteiras e desacelerando o fluxo de ajuda humanitária.

O setor público "parou completa e abruptamente," disse Adam Abdelmoula, coordenador residente humanitário da ONU para a Síria, observando, que um voo de ajuda carregando abastecimentos médicos urgentemente necessários foi suspenso após os funcionários da aviação abandonarem os postos de trabalho.

 "Este é um país que teve um único governo durante 53 anos e, de repente, todos aqueles que foram demonizados pela comunicação social pública agora estão no comando na capital do país," disse Abdelmoula à AP.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, baseado no Reino Unido e ligado à oposição, noticiou que um alto assessor do irmão de Al-Assad, Maher, foi encontrado morto no seu escritório perto de Damasco, não sendo claro se foi morto ou cometeu suicídio.

Maher Assad liderou a 4ª Divisão Blindada do exército, que desempenhou um papel importante na guerra civil que eclodiu em 2011, após um levantamento popular contra Assad levar a uma violenta repressão à dissidência e ao surgimento de uma insurgência.

 Perante preocupações de influências extremistas islâmicas, o comando rebelde disse decretou hoje que "é estritamente proibido interferir na indumentária das mulheres ou impor qualquer pedido relacionado com a sua roupa ou aparência, incluindo pedidos de modéstia".

Entretanto, correntes de refugiados reentraram na Síria a partir de países vizinhos, procurando amigos e parentes que desapareceram durante o governo brutal de Assad, segundo relatam as agências no terreno.

Os rebeldes declararam no domingo Damasco 'livre' do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia,  derrubar o governo sírio.

O Presidente sírio, que esteve no poder 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde e asilou-se na Rússia, segundo as agências de notícias russas TASS e Ria Novost.

Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.

No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.

[Notícia atualizada às 21h38]

Leia Também: Reino Unido vai disponibilizar mais ajuda humanitária para a Síria

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