"O secretário-geral condena veementemente a contínua violência de gangues e a perda de vidas no Haiti, onde foi reportado que um grupo armado matou pelo menos 184 pessoas, incluindo 127 homens e mulheres idosos, entre 06 e 08 de dezembro no bairro de Wharf Jérémie em Cité Soleil, na capital Port-au-Prince", disse hoje o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, no seu 'briefing' diário à imprensa.
Guterres, que enviou condolências às famílias das vítimas deste "ato horrível", apelou às autoridades haitianas para que conduzam uma investigação completa e garantam que os "perpetradores destes e de todos os outros abusos e violações de direitos humanos sejam levados à justiça".
O líder das Nações Unidas reiterou ainda o seu apelo urgente aos Estados-membros da ONU para que forneçam à Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti o apoio financeiro e logístico necessário para ajudar a Polícia Nacional Haitiana no combate à violência de gangues.
Por fim, Guterres apelou à aceleração do progresso na transição política do país, onde a violência de grupos armados tem vindo a agravar-se desde fevereiro.
Pelo menos 184 pessoas morreram no Haiti durante o fim de semana em atos de violência orquestrados pelo líder dum gangue, indicaram as Nações Unidas, elevando para cinco mil o número de mortos no país este ano.
Uma organização não-governamental do Haiti, o Grupo para a Paz e Desenvolvimento (CPD), indicou tratou-se de uma ação de represália pela morte de um dos filhos, que o líder do gangue acredita ter "adoecido na sequência de uma maldição".
A organização não-governamental refere-se à prática de vudu, uma tradição religiosa animista com fortes raízes no Haiti.
O país é afetado por uma grave instabilidade política e pela crise de segurança ligada à presença de grupos armados acusados de assassínios, raptos e violência sexual e que controlam 80% de Port-au-Prince.
A violência obrigou mais de 700 mil habitantes, metade dos quais crianças, a deslocarem-se das casas onde residiam, disse a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Com o apoio da ONU e dos Estados Unidos, uma missão multinacional de apoio policial liderada pelo Quénia começou a ser destacada este verão para o Haiti.
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